BELFORD ROXO - A casa 56, lote QA, da Rua José Saboia, no Largo da Baíana, virou referência para as outras do morro, no bairro Nova Aurora, em Belford Roxo. Desde que parte dela desabou em março do ano passado, uma cratera se formou sob a rua, ameaçando todas as casas no entorno e deixando o imóvel à beira do precipício. A situação piorou com as duas últimas chuvas que castigaram a cidade. Agora, o medo dos moradores é de que a estrutura não resista a uma terceira tempestade.
- A casa está interditada. E somos nós moradores, que impedimos os carros de passar aqui pela rua. Se não construírem uma barragem e a rede esgoto, isso pode romper a qualquer momento. -Afirmou a cuidadora de idosos Maria das Graças Vieira Dias, de 52 anos.
Por não ter saneamento, o morro sempre sofreu com a umidade gerada pelo esgoto. Fato que fez com que parte da residência onde morava a dona de casa Tamires de Andrade, de 19 anos, desabasse mesmo sem chuva.
-O tempo estava bom. As quatro da manhã, ouvimos um barulho e, quando vimos, a cozinha e o banheiro estavam no ar. Deixamos a casa no dia seguinte. - contou Tamires, que abandonou o imóvel que custou 9 mil e hoje mora com a companheira na casa de uma amiga, pagando R$ 400 de aluguel.
Possibilidade que a antiga vizinha Maria da Paz Barbosa de Melo, de 69 anos, sequer cogita. Ela vive em uma casa própria, colada ao antigo imóvel de Tamires sobre um barranco, mas não tem condições de pagar aluguel. Sob seu quarto, ainda há outros cômodos, onde moram seus parentes.
- Moro aqui há 35 anos. É tudo que tenho. Muitos políticos prometeram, mas nada fizeram. Se me dessem outro imóvel, sairia daqui. Toda vez que chove e um desespero - Lamentou Maria da Paz.
Estado de emergência
Diante das consequências da chuva no município, o prefeito de Belford Roxo, Dennis Dauttmam, decretou situação de emergência no último sábado. Na decisão, o prefeito diz que, para aquisição de medicamentos necessários ao atendimento às vítimas, reparação de áreas afetadas e limpeza e desinfecção da área atingida é necessária a decretação da situação de emergência. Segundo a Defesa Civil, 5 mil pessoas foram afetadas pelas últimas chuvas na cidade. Houve um caso de desabamento total sem mortes e 27 deslizamentos ou desabamentos parciais. As chuvas deixaram ainda cerca de 2 mil desalojados e 39 desabrigados, além de dois desabrigados e 52 famílias procuraram atendimento no posto de acolhimento montado pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos. Eles foram cadastrados e realocados em casas de parentes. A única morte foi do jovem Neilson Viana Ribeiro,de 18 anos. O corpo dele foi encontrado no Rio Recantus pelas equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros na noite do dia 11. A prefeitura não comentou sobre o destino dos moradores da Rua Saboia e a possibilidade de serem feitas obras no local.
Via Jornal Extra - Mais Baixada
Por Cíntia Cruz
Fotos: Cléber Junior
18/12/2013
18/12/2013