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Candidatos da Baixada Fluminense reforçam segurança e evitam fazer comícios à noite

segunda-feira, agosto 29, 2016

/ by Jornal Destaque Baixada
Os sucessivos casos de assassinatos com cunho político e o crescimento dos índices de violência na Baixada Fluminense acenderam um alerta nos candidatos que estão em campanha nas ruas da região. Para se protegerem, aspirantes a prefeito e vereador têm evitado fazer comícios depois do anoitecer, e andam cercados com seguranças e carros blindados.

— O problema de Nilópolis são os traficantes do Chapadão, que vêm cometer crimes na Baixada. Comprei briga com eles durante a minha gestão, ao colocar câmeras por toda a cidade e ao construir muros para fechar alguns acessos à cidade. Por isso, ando sempre alerta e tenho feito campanha com dois seguranças — conta o prefeito e candidato à reeleição, Alessandro Calazans (PMDB).

No último dia 18, Calazans perdeu um dos seus maiores aliados. O vereador e ex-vice prefeito Osvaldo da Costa Silva, o Ratinho, foi assassinado com nove tiros. A Divisão de Homicídios da Baixada (DHBF) ainda não sabe o que motivou o crime.

O índice de homicídios na região cresceu 26% entre janeiro e junho deste ano, em relação ao mesmo período de 2012 (ano da última eleição municipal). Na área que abrange Queimados, Japeri, Paracambi, Itaguaí e Seropédica, o aumento foi de 92%.

— Já fiz sete campanhas e nunca tive problemas. Agora, encontramos barricadas em vários locais. É a primeira vez que peço para amigos policiais me acompanharem nas caminhadas. Só vou entrar nas áreas mais críticas quando o policiamento for reforçado — afirma o deputado estadual Zaqueu Teixeira (PDT), candidato à Prefeitura de Queimados.

Em Japeri, o aspirante a prefeito André Ceciliano (PT) está evitando fazer comícios depois da 20h por causa do aumento das áreas dominadas pelo tráfico. Após esse horário, ele faz reuniões na casa de aliados e eleitores.

Abordagem com fuzil


Policial aposentado, o deputado estadual e candidato à Prefeitura de São João de Meriti Iranildo Campos (PSD) diz ter sido abordado quatro vezes por homens armados com fuzis em suas peregrinações pela cidade, nos últimos dois meses:

— Ando com dois policiais, e, felizmente, nada aconteceu. Acredito que a minha situação é diferente da dos candidatos que foram mortos. Muitos destes casos têm relação com brigas políticas e envolvimento da milícia.

Já o deputado José Camillo Zito (PP), candidato à Prefeitura de Duque de Caxias, afirmou que recebeu ameaças de morte. De acordo com ele, a 59ª DP (Duque de Caxias) tem informações de que estão planejando um atentado contra a sua vida.

— Recebi um telefonema da delegacia, e o policial contou que, na semana passada, um homem ligou para lá dizendo que ia me matar. O ataque estaria previsto para ocorrer no bairro Olavo Bilac. Segui as orientações da polícia e estou andando com dois seguranças, e tomando mais cuidado — conta.

Por trás dos crimes, milícia e o tráfico



O delegado Giniton Lages, titular da DHBF, investiga 11 casos que podem ter cunho político. Destes, pelo menos oito teriam ligações com a milícia ou o tráfico da Baixada.

As últimas duas mortes foram as de Ratinho, de Nilópolis, e do policial militar Júlio César Fraga Reis. O candidato a vereador pelo PC do B foi assassinado em Seropédica, no último dia 20.

— A milícia de Campo Grande (Zona Oeste) colocou um homem forte em Seropédica e já está se embrenhando por Nova Iguaçu. Isso trouxe uma briga pelo poder econômico e político para a Baixada.

Segurança no centro do debate.



A violência é tanta que os candidatos incluíram propostas de segurança em suas campanhas, apesar da tarefa ser de competência do governo do estado. Rogério Lisboa, aspirante à Prefeitura de Nova Iguaçu, quer criar uma guarda municipal e realizar operações de ordem. Zaqueu Teixeira pretende instalar câmeras que identifiquem carros roubados que entram em Queimados e melhorar a iluminação.

Historiador especializado em Baixada, Marcus Monteiro acredita que a situação chegou a esse ponto porque há impunidade:

— Não há empenho do Estado, então fica a impressão que aqui é terra de ninguém. É lamentável. Até o

político de oposição não costuma criticar a prefeitura, com medo de morrer.


Foto: Adriana Lorete / Cléber Junior
Agência O Globo

Por: marina Navarro Lins
29/08/2016
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