As câmeras de monitoramento de Nilópolis viraram alvo dos criminosos da região. Desde que o sistema de vigilância começou a ser implementado na cidade, em maio de 2014, sete dos mais de 62 equipamentos de gravação foram vandalizados com pedras, e até mesmo com disparos de arma de fogo. O último caso ocorreu no dia 12 deste mês quando somente uma única câmera foi atingida por 12 tiros no bairro do Paiol.
Um vídeo mostra o momento exato em que ela é destruída e flagra um homem armado no local, por volta das 21h30. O ato ocorreu na esquina das ruas Canadense com Manuel Pinto Ribeiro. O local fica no limite com São João de Meriti, nas proximidades do Complexo do Chapadão. É ali que o prefeito da cidade, Alessandro Calazans, quer instalar uma barreira física, assim como já fez em outros três pontos.
— Não vamos recuar. Não vamos medir esforços para ajudar no combate a criminalidade. Semana que vem a câmera ali da Rua Canadense já estará de volta — afirmou Calazans.
Todas as câmeras de segurança, que filmam, gravam e giram em 360 graus, tem um custo de R$ 1 milhão para manutenção anual. As imagens são acompanhadas em tempo real por agentes da Guarda Municipal e policiais militares do 20º BPM (Mesquita), na Central de Monitoramento, instalada no Centro.
O especialista em segurança pública Felipe Cavalcanti vê a ação de vandalismo como desespero do crime organizado. Ele aponta, por exemplo, a redução de até 70% nos índices de homicídios em Nilópolis desde que as câmeras foram instaladas. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que em junho deste ano não houve nenhum roubo seguido de morte na cidade contra dois em janeiro de 2014, meses antes da inauguração do sistema.
— O sistema de monitoramento é fundamental tanto que os criminosos querem acabar com ele. Nilópolis está com índices de violência menores do que cidades como Mesquita e Meriti que possuem quase o mesmo número de habitantes — exemplificou Felipe Cavalcanti.
Polêmica instalação de barreiras
Em maio deste ano, a Prefeitura de Nilópolis começou a instalar barreiras de concreto em três entradas da cidade: Ponte Azul, no limite com o Rio; Ponte Inácio Serra, no limite com Mesquita; e Ponte Canadense, no limite com Meriti.
Na Inácio Serra, moradores da favela da Chatuba, que fica ao lado das barreiras, não gostaram da iniciativa e retiraram as barricadas com a mão logo após serem instaladas. Representantes da Defensoria Pública também recomendaram a remoção dos concretos armados sob o argumento de que estava infringido leis federais de mobilidade.
Mesmo assim, a administração municipal continuou com seu plano para tentar diminuir as taxas de violência na cidade. No dia seguinte ao ato, funcionários voltaram a colocar as barreiras. Até o fim do ano, a administração municipal pretende instalar mais barreiras. A ideia é que até o fim do mês que vem o concreto seja montado na Rua Canadense.
Por: Igor Ricardo
25/08/2016
Foto: Kleber Júnior
Crédito: Jornal Extra