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Carlos Luiz, vítima de boato em redes sociais, tem medo de sair de casa

terça-feira, outubro 04, 2016

/ by Jornal Destaque Baixada

MESQUITA - Há duas semanas, o serralheiro Carlos Luiz Batista, de 39 anos, tem medo de sair de casa. Ele passou a receber ameaças depois que uma foto sua viralizou na internet com a informação de que ele seria estuprador e sequestrador de crianças. Nas mensagens, o nome de Carlos não é citado. Ele é identificado como morador de Mesquita, na Baixada Fluminense, e dono de um carro Fox de cor preta. O serralheiro, no entanto, mora em Cosmo, na Zona Oeste do Rio, e dirige um Corsa verde.

— Estão acabando com a minha vida. Não sei quem inventou essa mentira, mas minha família toda está ameaçada por causa de uma calúnia — desespera-se Carlos.

Assustado com a repercussão, ele registrou uma queixa na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), no último dia 22. As mensagens, no entanto, continuaram a ser compartilhadas, então Carlos decidiu publicar um vídeo na internet para implorar que não repassem o boato.

Na gravação, ele aparece reunido com toda a família e exibe o registro de ocorrência feito na polícia. As imagens foram gravadas na sexta-feira e, ontem à tarde, já tinham sido assistidas por mais de um milhão de internautas.

As mensagens começaram a circular em grupos de WhatsApp, depois foram compartilhadas também no Facebook. O administrador da página “Plantão Notícias 24 horas”, que publica notícias na rede social, contou ao EXTRA que foi procurado por uma internauta para reproduzir a informação, mas não o fez por falta de provas contra Carlos.

As acusações chegaram a ser divulgadas em perfis de usuários e páginas da rede social, mas foram tiradas do ar após a divulgação do vídeo. Nos grupos de WhatsApp, no entanto, a mensagem continua a ser compartilhada.

O caso de Carlos está sendo investigado pela DRCI. De acordo com a delegada Fernanda Fernandes, a Polícia Civil encaminhou ao Ministério Público um pedido de quebra de sigilo de IP — um protocolo interno do computador — para obter os dados de um perfil do Facebook que pode ter dado origem à calúnia. A apreciação, no entanto, pode levar de 6 a 8 meses. Há uma fila grande de pedidos, porque praticamente todos os casos investigados pela DRCI exigem a quebra de IP.

Morte em 2014

A cada dia, Carlos recebe de amigos e parentes gravações de áudio, compartilhadas por telefone, nas quais ele é citado em ameaças. Pessoas que dizem ser moradores de comunidades do Rio, como Vila Kennedy e Senador Camará, e da Baixada, como Parque União, avisam que ele será morto se for visto na rua.

Histórias semelhantes á de Carlos ocorreram em abril deste ano, em Pernambuco, em abril do ano passado, em Manaus, e em janeiro de 2014, em Lagarto. Nos três casos, homens tiveram suas fotos compartilhadas sob a acusação de estupro.

Em maio de 2014, a dona de casa Fabiane Maria de Jesus foi espancada e morta depois de ser confundida com uma suposta sequestradora de crianças que praticava rituais de magia negra em Guarujá, no litoral de São Paulo. A confusão começou quando uma página do Facebook publicou o retrato falado da suspeita. A informação chegou até moradores da cidade da dona de casa, que a agrediram.
Via Extra
04/10/2016
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