A família recebeu a notícia por telefone a informação que tinha uma pessoa parecida com o Jair trabalhando numa fábrica em Angra dos Reis, no entanto, não tinha a confirmação de que era ele. “Quando chegamos no endereço indicado, vimos que era uma fábrica de exportação de peixes, então entramos a procura de alguém com o nome Jair e ele mesmo ouviu e veio ao nosso encontro. Foi emocionante e ao mesmo tempo confuso, pois ele se perguntava a todo tempo o que estava fazendo ali”, recorda a filha Lorraine da Silva Lima, de 20 anos.
De acordo com depoimento de Jair aos seus familiares, ele foi parar em Angra, após pegar diversos ônibus até o momento que ficou sem dinheiro. “No início, dormi na rua, até que consegui um emprego nessa fábrica e lá tinha uma moradia. Sofri muito, pois sabia que tinha que ir embora, mas não sabia como chegar até em casa. Sabia que tinha minha família, mas não conseguia entender o motivo pelo qual estava naquele lugar”, conta. No entanto, há boatos de que ele teria saído de Queimados por conta de um empréstimo que teria feito e não teria como pagar. “Boatos são boatos, é aquele ditado: o povo diz o que quer, não houve nenhum empréstimo”, garante a filha.
Desaparecimento após ida ao médico
Jair trabalhava no comércio local há mais de 20 anos e estava desaparecido desde 14 de setembro do ano passado, quando teria saído de casa para ir ao médico após passar mal. Na ocasião, familiares e amigos espalharam diversos cartazes pela cidade e também nas redes sociais. “Foi como perder uma metade do meu coração, a dor era tanta que parecia que eu estava sendo perfurada pouco a pouco no meu peito. Durante um ano passamos coisas que nunca imaginamos, ouvimos várias vezes: desisti, ele já está morto, mas minha família nunca desistiu porque a última palavra é a de Deus”, frisou Lorraine.
De acordo com a família, o estado de saúde de Jair está debilitado. “Ele teve perda de memória e não lembra de familiares e amigos que não eram bem próximos, não lembra que tinha um comércio e nem mesmo a cidade de onde nasceu e foi criado. Ele lembra de mim, do meu irmão e da minha mãe, só não lembra da nossa infância nem do passado. Ele já começou a fazer um tratamento para recuperar a memória”, disse a filha Lorraine, que também adiantou que o pai não voltará atuar no ramo do Hambúguer, mas que os filhos vão dar continuidade ao trabalho do pai.
Por: Filipe Carvalho
14/10/20106