O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), foi preso preventivamente na manhã desta quinta-feira pela Polícia Federal. O peemedebista estava em sua casa, no Leblon, na Zona Sul do Rio, e foi levado pelos agentes sob gritos de "ladrão" da população. Ele deixou o prédio onde mora por volta das 7h e seguiu para a sede da Polícia Federal.
A ação faz parte de mais uma etapa da Lava Jato em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal, que deflagraram a operação Calicute, que visa investigar o desvio de recursos públicos federais em obras realizadas pelo governo do Rio. O prejuízo estimado é superior a R$ 220 milhões.
Cabral é investigado em duas operações — a Lava Jato e a Calicute, que tem como foco o esquema de corrupção envolvendo a construtora Delta, do empresário Fernando Cavendish. Delatores citaram o nome de Cabral e o relacionaram a recebimento de propinas milionárias. A esposa de Cabral, Adriana Ancelmo, também é alvo de condução coercitiva por essa operação. A advogada recebeu do marido um anel no valor de R$ 800 mil, que de acordo com a delação de Cavendish é o maior símbolo da relação dele com empreiteiros.
Em nota, a PF informou que a apuração em curso identificou fortes indícios de cartelização de grandes obras executadas com recursos federais mediante o pagamento de propinas a agentes estatais, incluindo um ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, além de outros fatos.
Força-tarefa cumpre mais de 70 mandados
Duzentos e trinta policiais federais cumprem 38 mandados de busca e apreensão, oito mandados de prisão preventiva, dois mandados de prisões temporárias e 14 mandados de condução coercitiva expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, bem como 14 mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão preventiva e um mandado de prisão temporária expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba. Ainda foi determinado o sequestro e arresto de bens do ex-governador e outras 11 pessoas físicas e 41 pessoas jurídicas.
São investigados os crimes de pertencimento à organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, entre outros. Também participam das diligências 19 procuradores do MPF e cinco auditores fiscais da Receita.
A Operação Calicute é resultado de investigação em curso na força-tarefa da Operação Lava Jato no estado do Rio de Janeiro em atuação coordenada com a força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná.
Os presos:
Wilson Carlos Cordeiro da Silva Carvalho: Braço direito de Cabral desde os anos de 1990 como secretário de governo do Rio, foi alvo de prisão preventiva. Também foi citado na 16ª fase da Lava Jato por ter pedido uso de recursos da empresa Techint para campanha do político como retribuição por ajuda do governador em contratos com a Petrobras.
Hudson Braga: Ex-secretário de obras de Cabral e um dos coordenadores da campanha de Pezão em 2014. Alvo de prisão preventiva.
Luiza Carlos Bezerra: Alvo de prisão preventiva.
Carlos Miranda: Sócio de Cabral na SCF Comunicação (criada quando era governador) e um de seus supostos operadores na obtenção de propinas.
Wagner Jordão Garcia: Ex-assessor de Cabral. Alvo de prisão preventiva.
Alex Sardinha da Veiga: Alvo de mandado de prisão temporária.
José Orlando Rabelo: Alvo de mandado de prisão preventiva.
Luiz Paulo Reis: Alvo de mandado de prisão preventiva.
Paulo Fernando Magalhães Pinto: Ex-assessor de Cabral. Alvo de prisão temporária.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Crédito: jornal o dia
17/11/2016