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Pais acampam para garantir recadastramento do Bolsa Família em Nova Iguaçu

terça-feira, novembro 29, 2016

/ by Jornal Destaque Baixada

A menos de um mês para o Natal, a dona de casa Mônica de Páscoa, de 37 anos, ainda não sabe se vai ter o que servir na ceia. O benefício de R$ 439 que recebe pelo programa Bolsa Família, do Governo federal, está bloqueado. Mãe de cinco filhos, conta apenas com a renda de um salário mínimo do marido, ajudante de caminhão. Apesar de ter esperado na fila por 27 horas para conseguir atendimento na Secretaria municipal de Assistência Social, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, saiu sem qualquer resposta.

— Cheguei ontem (domingo) às 9h e já estava cheio. É a quarta vez que tento, mas não adiantou nada. Recadastrei dia 4 de outubro, mas o benefício não caiu em 21 de novembro. O funcionário me disse que talvez caia em três meses. Queria comprar caderno para meus filhos e não sei o que vou fazer — lamentou Mônica, que mora em Austin.

Luciana com a filha de 2 anos. Chegou antes da meia-noite Foto: Cléber Júnior / Extra

A auxiliar de serviços gerais Luciana do Amor Divino Lopes, de 31 anos, conseguiu atendimento, mas começou a tentar na última sexta-feira. Com a pequena Emilly, de 2 anos, nos braços, ela chegou às 3h para resolver o desbloqueio do seu benefício.

— Quando deu 9h não tinha mais número. Fui para casa. Voltei meia-noite e dormi aqui com a minha filha. O pior de tudo é não ter uma água nem banheiro — reclamou.


Quem não tem com quem deixar filhos pequenos vai com eles para a porta da secretaria. O ambulante Elton Adriano Campello também levou o seu filho, 4 meses, para não perder o benefício de R$ 172:

— Moro em Rosa dos Ventos. Tive que pegar o primeiro ônibus para chegar às 3h. Das outras cinco vezes, cheguei às 5h e não consegui senha

Banheiro só no mato

O banheiro para quem está na fila da Secretaria de Assistência Social é um valão em meio a um matagal, ao lado do prédio. Além disso, o único bebedouro estava quebrado. O número de atendentes também é precário: apenas dois.

— E quando dá 17h, recolhem nossas cadeiras — criticou Márcia Ramos, de 49.

A Prefeitura de Nova Iguaçu disse que muitos beneficiários deixam para se recadastrar quando o benefício é cortado, mas a atualização deve ser feita a cada dois anos. Informou também que o número de atendentes foi reduzido por causa da greve dos servidores. E garantiu que o reparo do bebedouro foi providenciado ontem. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, o benefício de Luciana foi cancelado por alguma inconsistência no Cadastro Único, encontrada após o cruzamento com bases de dados administrativas. Já o de Mônica está bloqueado por descumprimento de condicionalidades do programa.
Foto: Cléber Júnior / Extra
via: jornal Extra
29/11/2016
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