Dos laranjais, passando pela Estrada de Ferro inaugurada pelo imperador D. Pedro II ainda no século XIX, até chegar ao vapor das fábricas instaladas no Distrito Industrial, que alavancam atualmente a economia local. São tantas histórias e emoções... Parece que foi ontem que Queimados conquistou a sua independência político-administrativa de Nova Iguaçu, mas lá se vão 26 anos completados nesta sexta-feira (25)... Ninguém melhor para lembrar essa trajetória histórica do que os responsáveis pelo grito de liberdade: os emancipadores ainda em vida: Carlos Vilela (65), o pastor Josias Matos (74) e o professor Luiz Alonso (76).
A força da juventude nos tempos áureos da década de 80, hoje, dá lugar aos cabelos esbranquiçados e as lutas e dificuldades encontradas para conseguirem o tão sonhado grito de independência, atualmente fazem parte apenas da lembrança. Porém cada detalhe, reunião, todas as assinaturas e votos, estão a cada dia mais vivos na memória de cada um desses guerreiros.
O primeiro passo para a emancipação foi dado após o município de Queimados, até então distrito de Nova Iguaçu, sofrer com uma forte enchente e a população não ter onde conseguir socorro e atendimento. Foi a partir desse acontecimento que os ativistas políticos da época enviaram, em 1984, um ofício ao gabinete do deputado Paulo Ribeiro, então presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, acompanhado de assinaturas de eleitores da 84ª zona eleitoral, que reivindicavam a criação de um novo município.
No dia 10 de julho de 1988, os queimadenses foram às urnas pela primeira vez em busca da emancipação, mas o quórum necessário não foi atingido. A diferença de 12.254 votos para alcançar o mínimo exigido por lei deu-se em grande parte as abstenções de Engenheiro Pedreira e Japeri. "Na primeira tentativa, a delimitação era bem maior, pois englobava Japeri, Engenheiro Pedreira e Cabuçu. Não conseguimos na primeira vez, isso nos frustrou muito, mas não desistimos", recorda Vilela, que foi presidente da comissão de emancipação.
O revés não desanimou a luta dos bravos guerreiros. Com a promulgação da constituição de 1988, articulou-se novamente uma comissão pró-emancipação, que recebeu o nome de Associação dos Amigos para o Progresso de Queimados (AAPQ). "Excluímos os locais que não tinham ligação com a cidade e buscamos o apoio maior de grupos religiosos, como os evangélicos", conta o professor Luiz Alonso. A iniciativa deu certo e a vitória veio em 1990. Dos 57.465 mil eleitores da época, 35.120 mil votaram a favor da emancipação.
Versões diferentes para a origem do nome
Existem três versões para a origem do nome do município de Queimados. A primeira diz que, quando o imperador Dom Pedro I passou pela cidade, na inauguração da estação de trem, viu uma grande queimada que estava sendo feita dos laranjais nos morros, e chamou o lugar de "Morro dos Queimados". A segunda diz que o nome é referente aos corpos de leprosos queimados, aos montes, que morriam num leprosário, onde hoje fica a Estrada do Lazareto, uma das principais vias do município. Há ainda uma terceira versão, que afirma que o nome da cidade provém dos escravos fugidos das fazendas, que eram mortos e tinham seus corpos queimados pelos seus senhores.
Por: Felipe Carvalho
25/11/2016