Em meio a uma série de problemas administrativos que se arrastam há meses, com atrasos de pagamentos, falta de material, equipamentos e pessoal, a rede pública de Saúde de Mesquita está no CTI.
Servidores revelam que o setor entrou em colapso logo após as eleições, quando o atual prefeito da cidade foi derrotado nas urnas. Segundo uma servidora da Saúde que não quis se identificar, para amenizar o atraso nos pagamentos, a prefeitura decretou ponto facultativo pelo Dia do Servidor Público, comemorado no dia 28, por mais dois dias (31 de outubro e 1 de novembro), mesmo tendo um feriado próximo (dia 2 de novembro), totalizando seis dias consecutivos de folga.
“Nós já sofríamos com salários atrasados desde o meio do ano de 2015, quando até mesmo os fornecedores começaram a reduzir as entregas, os laboratórios passaram a não ler nossos exames e muitas unidades começaram a sofrer com falta de materiais e médicos”, relata um do setor administrativo da Saúde.
Segundo funcionários, o setor passou por cortes orçamentários, o que resultou na saída de quase 80% do corpo médico do município, principalmente ginecologistas e clínicos-gerais. “Os postos de saúde também perderam o acompanhamento pré-natal, as ambulâncias da SAMU estão na garagem por falta de gasolina. acrescenta o servidor.
“Eles enxugaram a folha de funcionários de tal forma que todos os 24 ginecologistas do município foram mandados embora. Só não mexeram tanto na equipe do Mário Bento porque lá é o único lugar de referência de pronto-socorro da cidade. Eu só sei que dá pena dos pacientes indo de um lado para o outro sem rumo, pois a UPA de Edson Passos também só realiza atendimento paliativo”, explica.
As maiores vítimas da situação caótica são os pacientes que dependem do sistema de saúde do município para manter tratamento de doenças crônicas, como a idosa Oscarina Barbosa do Nascimento 72 anos. “Eles marcaram para eu vir hoje aqui para pegar as fitas de medição de glicose, mas o posto está fechado”, conta a idosa, que sofre de diabetes tipo 2. “A minha glicose tem que se acompanhada de perto. Vendo as portas fechadas assim me sinto tão mal, porque eles marcaram comigo hoje e só voltam semana que vem”, lamenta a idosa.
Procurada, a prefeitura de Mesquita não se pronunciou sobre o caso.
Por: Marco Canosa
Crédito: conecta Baixada
02/11/2016