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Família espera por justiça há cinco anos para parentes mortos em Nova Iguaçu

quinta-feira, dezembro 01, 2016

/ by Jornal Destaque Baixada

NOVA IGUAÇU - Há cinco anos, as investigações sobre uma sequência de execuções na Baixada Fluminense se arrastam enquanto dois dos acusados por ao menos um dos assassinatos estão soltos.

Entre 2010 e 2011, em um espaço de seis meses, quatro pessoas de uma mesma família foram mortas no bairro da Posse, em Nova Iguaçu. Em outubro deste ano, houve nova audiência sobre o caso no fórum do município e o julgamento que poderia finalmente sentenciar dois dos apontados como responsáveis por uma das mortes foi jogado para setembro de 2017.

Em pânico, parentes das vítimas que conversaram com o G1 estão há três anos reclusos. Eles se resignaram ao anonimato e pouco sabem sobre os assassinatos ou o motivo para a letargia da justiça estadual. Dois dos acusados identificados e denunciados pelo Ministério Público do RJ são policiais militares e passaram a responder ao processo em liberdade a partir de 2013.

"Parece que eles que são as vítimas. É muito polícia (sic) amigo deles e eles têm muito "conhecimento" dentro do fórum", conta Marcos (nome fictício), uma das testemunhas do caso ouvida pelo G1.

Assassinado em 20 de abril de 2011, Luiz Claudio foi a última vítima a ser morta na Posse antes de a família fugir do bairro. Depois, os membros que sobreviveram se mudaram quatro vezes e, hoje, vivem em outro município.

A história de terror começou em 13 de setembro de 2010 com a morte de Renato dos Santos Rocha, aos 15 anos. O adolescente estava num bar quando duas pessoas chegaram em motos e atiraram nele, segundo parentes ouvidos pelo G1.

"Ele era muito namorador e tinha um físico que você dizia que ele não tinha 15 anos. Era muito bonito. Só estudava e trabalhava numa oficina perto de casa. E ainda tentaram socorrer...", lamenta outra testemunha no processo.

Na certidão de óbito de Renato, a causa da morte é apontada como "feridas transfixantes do crânio, com lesão do encéfalo" provocada por "projétil de arma de fogo". Do mesmo modo foram mortos Marcos Juan Rocha de Assis, de 25 anos, em 5 de janeiro de 2011; e Douglas dos Santos Rocha, de 26, em 16 de fevereiro do mesmo ano.

Já Luiz Claudio - o último a ser executado - morreu em consequência de uma hemorragia digestiva alta. Testemunha do assassinato, um dos parentes que conversou com a reportagem lembra em detalhes como foi a execução.

"A gente estava na sala e meu ele [Luiz Claudio] estava no portão conversando com uns amigos. Foi quando escutamos uns tiros e fomos ver. Estava o Paulinho, o 'Leleco' e o Maurício atirando nele na varanda. Aí, o meu tio passou e subimos com ele para o segundo andar. Quando a gente 'meteu a cara' do segundo andar para baixo, eles começaram a atirar mais ainda", lembra.

'Grupo de extermínio'

Consta no processo que os dois PMs acusados são suspeitos de integrar um grupo de extermínios que atua na região. São eles o 2º sargento Luiz Fernando dos Santos, também conhecido como "Ratão", e o cabo Maurício dos Santos Cavalcante. A investigação, porém, não tem hipóteses sobre a motivação da morte.

Paulinho e "Leleco", citados no depoimento mais acima de uma das testemunhas, nunca foram presos. "Leleco" foi retirado do processo porque foi encontrado morto.

"Ratão", na época em que foi preso pela Corregedoria da Polícia Militar, era lotado no 14º BPM (Bangu), e Luiz Fernando, no 39º BPM (Belford Roxo). Na decisão que determinou a prisão dos PMs, o juiz levou em conta o pânico parentes, chegando a chamá-los de "sobreviventes".

Embora tenham sido presos em 2011, há três anos os PMs respondem em liberdade ao processo. O Ministério Público solicitou que, assim que fossem soltos, os policiais teriam que entregar arma e carteira funcional. Além disso, os PMs deveriam cumprir função administrativa nos batalhões em que são lotados.

Apesar da decisão, parentes das vítimas afirmaram ao G1 que um dos policiais esteve na última audiência, no Fórum de Nova Iguaçu, com uma arma na cintura. Procurada pela reportagem, a Polícia Militar não respondeu a nenhum dos questionamentos enviados à corporação.

Também foi questionado à Polícia Civil sobre os inquéritos abertos para investigar as mortes. A polícia informou que eles foram registrados na 58ª Delegacia de Polícia (Posse) e "as investigações continuam". Outras perguntas foram enviadas ao promotor do Ministério Público responsável pelo caso, mas não houve retorno.

A reportagem tentou entrar em contato com as defesas dos acusados, mas não houve retorno.

Via G1
01/12/2016
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