A rescisão no contrato de mais de mil servidores da área da saúde de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, está causando polêmica e preocupação na cidade. O decreto assinado pelo secretário municipal de Saúde, Hildoberto Carneiro de Oliveira, foi publicado no Diário Oficial do último sábado, e seus efeitos são imediatos. De acordo com a publicação, todos os funcionários listados, que foram contratados em 2013, foram demitidos a contar do dia 13 deste mês.
Foi também a partir desta data que a UPA de Comendador Soares deu seu último suspiro. Por lá, o cadeado na porta já indica aos pacientes que não há mais atendimento na emergência do local.
— Não estamos mais trabalhando desde o dia 13. Ainda tinha alguns pacientes internados, mas foram transferidos. Fomos demitidos e nem o salário de novembro nós recebemos ainda — reclamou o maqueiro Reginaldo de Assis, de 45 anos.
Na Clínica da Família Emília Gomes, que funciona ao lado da UPA, o atendimento também já não era o mesmo. Na manhã desta segunda-feira, pacientes reclamaram que não havia mais psiquiatras e dentistas.
— Horrível uma situação dessas. Temos agora é que rezar para não adoecer — declarou o autônomo José Leandro, de 52 anos.
A situação é semelhante em outros postos de Nova Iguaçu. Em Austin, a emergência está fechada. Em Miguel Couto, idem. Neste, só o ambulatório funciona. Mesmo assim, com várias queixas dos pacientes.
A demissão dos servidores já virou alvo da Comissão de Saúde da Câmara Municipal do município, que irá acionar o Ministério Público do Trabalho (MPT).
— É uma ilegalidade o que foi feito. Vou ao Ministério Público para que eles tomem ciência do que está acontecendo — disse o vereador e presidente da Comissão de Saúde, José Carlos Fonseca, o Dr. Cacau.
Promessa de concurso e reabertura de postos
O subsecretário municipal de Saúde, Antônio Carlos dos Santos Júnior, justificou a rescisão do contrato como uma medida para conter gastos. Segundo ele, dois critérios foram levados em conta para as demissões. O primeiro foi retirar “profissionais em excesso”; o outro, foi dispensar servidores que já não estavam mais trabalhando por causa do fechamento de quatro postos da cidade (Comendador Soares, Austin, Miguel Couto e Km 32).
— Você tinha, por exemplo, 12 funcionários administrativos em um posto que precisava de três. Outros já não estavam mais trabalhando desde novembro — explicou.
A promessa também é realizar um novo concurso para contratar profissionais, já que a prefeitura espera reabrir as quatro unidades fechadas em 30 dias. Sobre os salários atrasados, o governo ainda elabora um estudo para quitar a dívida salarial de mais de R$ 60 milhões.
— Estamos readequando essas unidades fechadas para melhor atender o cidadão — disse Antônio.
Por: Igor Ricardo
Foto: Cléber Júnior / Extra
via: Jornal Extra
31/01/2017