A Justiça decretou a prisão de um casal pela morte e ocultação de cadáver da jovem Caroline de Souza Carneiro, de 28 anos, morta em agosto do ano passado após vir do município de Paraíba do Sul, no Sul Fluminense, para fazer um aborto na Zona Norte do Rio. A investigação da 21ª DP (Bonsucesso) concluiu que José Luiz Gonçalves e Anikécia Lima de Paiva foram os responsáveis por buscar Caroline na Rodoviária Novo Rio, na Região Portuária, e que José Luiz abandonou o cadáver de Caroline numa rua deserta de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, após a jovem morrer durante a cirurgia numa clínica clandestina. Caroline estava grávida de cinco meses.
Imagens de câmeras de segurança que fazem parte do inquérito — obtidas com exclusividade pelo EXTRA — mostram Caroline entrando num ônibus na rodoviária de Paraíba do Sul na madrugada do dia 19 de agosto. Ela chegou ao Rio horas depois, de manhã. A polícia chegou aos responsáveis pela clínica depois que o namorado de Caroline, Fernando de Lima Abreu, de 26 anos, deu aos agentes o número de telefone do Rio para o qual a jovem ligava. A partir do número, a polícia identificou José Luiz e Anikécia.
Com a autorização da Justiça, a polícia quebrou o sigilo telefônico dos celulares do casal. A análise das ligações telefônicas feitas pelo aparelho de Anikécia e a localização das antenas mais próximas dos aparelhos revelaram que o aparelho estava na Rodoviária Novo Rio no mesmo horário em que Caroline chegou no local. Já no mesmo dia à noite, entre 20h e 21h, o aparelho estava no Parque Senhor do Bonfim, em Duque de Caxias, mesmo local onde o corpo foi abandonado.
José Luiz e Anikécia foram denunciados pelos crimes de aborto, formação de quadrilha e ocultação de cadáver. De acordo com a decisão do juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal, “após a morte da vítima, os acusados ocultaram o cadáver, levando-o para uma rua escura em Duque de Caxias. Note-se, ainda, que, além de se tratar de prática de crimes gravíssimos, dentre eles um aborto no quinto mês de gestação, há notícias de que os réus fazem parte de quadrilha experiente e antiga”.
Segundo o delegado Wellington Vieira, titular da distrital, José Luiz já foi preso em 2013 acusado de fazer abortos clandestinos.
— A quadrilha pratica aborto sem higiene e segurança há décadas. Caroline foi morta nessas condições. As investigações continuam para identificar os médicos que participaram da cirurgia — afirma o delegado. José Luiz e Anikécia estão foragidos. Segundo a polícia, eles fugiram para fora do estado.
Por: Rafael Soares
cia: jornal Extra
21/02/2017