Mais uma vez, a reação popular logrou êxito. O aumento abusivo dos vereadores de Nova Iguaçu foi barrado por liminar, que pode ser derrubada.
Mesmo com os servidores da Cidade sem receber salários desde novembro, os vereadores aprovaram um aumento de mais de 80% para o presidente da Câmara e em torno de 50% para cada vereador. O Movimento ‘Ocupa Nova Iguaçu’ realizou acompanhamento popular das sessões da Câmara e produziu um abaixo-assinado que teve grande repercussão. Após ser consumado o aumento, o movimento entrou com ação popular através do escritório de advocacia Marchiori & Figueiredo, o mesmo que conseguiu suspender o aumento dos vereadores em São Paulo. Com isso, o aumento dos vereadores iguaçuanos foi suspenso.
A notícia foi comemorada pelos servidores e pela população. “Enquanto os servidores ficam sem salário e a cidade vive um caos social, os vereadores debocham da população. Não podemos deixar este e outros desmandos impunes”, defendeu o petroleiro Thales Leopoldo, membro da coordenação do movimento ‘Ocupa Nova Iguaçu’.
Também integrante do movimento, o jornalista Ricardo Portugal explicou como surgiu a ideia de se contrapor à medida dos vereadores. “O movimento ‘Ocupa Nova Iguaçu’ se organizou a partir de uma denúncia de que os vereadores tinham aumentado o salário em mais de 85%, isso num contexto de crise financeira, de caos social em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro e no país. Conseguimos arrecadar diversas assinaturas e abaixo-assinados, mais de duas mil assinaturas foram conseguidas e ingressamos no Ministério Público contra essa situação, esse escândalo abusivo, um desperdício de dinheiro público que a Câmara promoveu em contraste com a crise que assola o município e o estado do Rio de Janeiro”, explicou.
Além dessa ação do MP, o grupo entrou com ação popular na Justiça movida por pessoas ligadas ao movimento ‘Ocupa Nova Iguaçu’. “Assumimos o protagonismo dessa luta e saímos vitoriosos. Conseguimos uma liminar sustando e barrando o aumento da Câmara Municipal de Nova Iguaçu, a exemplo da Câmara de São Paulo, onde os vereadores se autoconcederam o aumento e o movimento popular, através do MAIS, conseguiu barrar esse aumento. Isso foi o que nos inspirou aqui na cidade”, completou o servidor. “Eles iriam receber e agora não vão mais. Isso é uma demonstração de que só a luta pode mudar a vida”, completou.
Inspiração veio de ação popular vitoriosa em São Paulo
A decisão iguaçuana foi inspirada na ação de Juliana Donato contra o aumento decidido pelos vereadores de São Paulo, iniciada a partir da organização de um abaixo-assinado. Juliana é representante eleita pelos trabalhadores no Conselho de Administração do Banco do Brasil e membro do Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista (MAIS). “É muito importante esse tipo de iniciativa porque, com tantos ataques que virão, que não é apenas o aumento dos salários dos vereadores, como as reformas da Previdência e Trabalhista, o que a gente mais precisa nesse momento é dos trabalhadores organizados. Parabéns pela iniciativa de vocês de organizar esse movimento e pelo sucesso”, parabenizou Juliana. A possibilidade de barrar o aumento foi defendida pelo Professor da Universidade de São Paulo (USP) e colunista do Esquerda Online, Henrique Carneiro, na matéria “Aumento de vereadores em São Paulo: a política institucional versus a política das ruas” e pela advogada que acompanhou a ação, Ana Lúcia Marchiori, no texto “É possível barrar definitivamente o aumento dos vereadores em SP”. (Fonte: site esquerdaonline.com.br).
via: Jornal de hoje
06/02/2017