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Obra parada leva comerciantes à falência em Nova Iguaçu

quarta-feira, maio 17, 2017

/ by Jornal Destaque Baixada

Parado na porta de sua loja, com uma das mãos na cintura e olhando para os lados, como quem aguarda a chegada de um cliente. Assim têm sido os dias do comerciante Acácio Luiz Fonseca, dono de uma pequena loja de autopeças na Avenida Tancredo Neves, em Comendador Soares, bairro de Nova Iguaçu.

“Minhas vendas caíram 80%. Mais de 30 lojas já fecharam ao meu redor”, relata Acácio Luiz Fonseca, 41 anos, que sustenta a família somente com a renda de seu estabelecimento.

A queda nas vendas de Acácio e de tantos outros comerciantes tem explicação. Iniciada em junho de 2014, a construção do viaduto de Comendador Soares está paralisada há cerca de um ano e não tem previsão para ser retomada. O novo viaduto ligaria a Avenida Tancredo Neves à Rua Lafaiete Pimenta, passando sobre a linha férrea da Supervia.

Por conta disso, a avenida que liga o Centro de Nova Iguaçu a Comendador Soares precisou ter um trecho interditado para o trânsito. A falta de movimentação no local, aliada a poeira vinda da construção do viaduto, afastou também os pedestres.




“Trabalho aqui há 20 anos, e esta obra nos trouxe a promessa de maiores vendas por conta da quantidade de veículos que circularia no bairro. Porém, após começarem a construção, tudo o que nos restou foi prejuízo, minhas vendas caíram pela metade”, lamenta o comerciante Sérgio Ferreira Fonte, 55 anos, dono de um estabelecimento localizado na Avenida Tancredo Neves.

Orçada em R$ 28 milhões, a obra deveria ter 70% do investimento bancada pelo Governo do Estado, mas a falta de repasses transformou a empolgação pela nova travessia de veículos em decepção. Do outro lado do bairro, na Rua Lafaiete Pimenta, pedestres reclamam da falta de calçada à beira do muro da Supervia.

“Por causa dos tapumes colocados para cercar a obra, os carros que vêm da Rua Bernardino de Mello sentido Rua Lafaiete Pimenta passam muito perto dos pedestres. Fica difícil caminhar com segurança até o ponto de ônibus”, conta a dona de casa Lúcia Vieira, 60 anos.




Interdição prejudicou asfalto em rota alternativa.




Com o trecho da Avenida Tancredo Neves interditado para a obra, a opção mais viável para os motoristas passou a ser seguir pela Rua Alberto Melo e dobra a terceira à esquerda, na Rua Raposo Taváres. O resultado foi um grande número de buracos, causado pelo aumento do fluxo de veículos.

“Estas ruas sempre foram calmas, de pouco movimento, mas desde a interdição os carros e os ônibus começaram a passar por aqui, e o asfalto não é preparado para um trânsito tão intenso, principalmente de ônibus, que são mais pesados”, relata o autônomo Reinaldo da Silva, 55 anos, morador da Rua Wilson Gomes de Oliveira.

Segundo ele e outros moradores do bairro, as ruas passaram por diversos processos de tapa-buraco e recapeamento, mas o constante tráfego, especialmente de ônibus, faz com que os buracos ressurjam pouco tempo depois.




Por: Raphael Bittencourt (raphael.bittencourt@jornalhoje.inf.br)

Colaboração: Élida Machado
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