‘Ninguém sabe a dor de um pai e uma mãe ao ter que enterrar um filho”, desabafa o motoboy Lucas Assunção, 25 anos, pai de Kauê, de 5 meses, que estava internado com problemas cardíacos desde segunda-feira no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu. O bebê precisava ser transferido até quarta-feira para o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, no Humaitá, mas a transferência só veio no sábado. Era tarde demais. “O coraçãozinho dele parou antes", frisa o pai desolado.
Kauê completaria seis meses na próxima quinta-feira e lutava contra um problema no coração. “No primeiro mês de vida do meu filho, descobrimos que ele tinha uma má formação”, conta Lucas, com a voz embargada. Ele enterrou o filho ontem, em Olinda, Nilópolis.
Entre idas e vindas aos hospitais, os médicos informaram à família que a criança precisaria fazer diversas cirurgias. Mas Kauê apresentou uma melhora e voltou para casa. Com cinco meses e meio, ele apresentou um quadro de respiração ofegante e bastante tosse e foi levado, na segunda-feira, para o Hospital da Posse.
“Tiveram que colocar dreno nele para tirar o excesso de catarro. Ele ficou entubado e a doutora falou que era preciso uma transferência urgente para o Hospital do Coração. Na quarta-feira, ele piorou e teve três paradas cardíacas”, conta o pai.
No sábado, quando uma ambulância do Corpo de Bombeiros chegou para efetuar a transferência da criança para o Humaitá, Lucas foi informado de que a mudança não seria possível. “A doutora disse que não poderia fazer a transferência porque ele estava tendo outra parada cardíaca. A gente só pedindo a Deus e orando”.
Às 15h50 o coração do bebê não resistiu mais. “O Kauê estava lutando, mas o coraçãozinho dele não aguentava. A causa da morte foi parada cardíaca e bronquiolite”, lamenta Lucas.
SEM CARDIOLOGISTA
“O atendimento do Hospital da Posse foi ótimo, mas não aceitam cardiopatas. Acho que, se tivesse um cardiologista ali, meu filho estaria bem. Acho que tinha que ter um especialista de coração naquele hospital. Queria que isso não acontecesse com nenhuma outra criança”, diz Lucas.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que Kauê “não apresentava condições clínicas para a transferência”. Já o Hospital da Posse não retornou as ligações até o fechamento dessa reportagem.
via: Jornal o dia
Reportam Gabriel Sobreira
26/06/2017