“Foram nove meses de muita dificuldade, luta e planejamento para termos essa criança. E por um erro de uma pessoa que estuda, faz faculdade, tudo acabou”. O desabafo é de Washington Amorim Junior, que enterrou ontem aquela que era sua primeira filha com a esposa Lucília Maria Martins de Araújo, 41 anos.
O parto da gestante aconteceu no sábado (17), na Maternidade Mariana Bulhões, em Nova Iguaçu. Segundo Washington, todo o pré-natal foi feito na rede pública municipal de Saúde e a gravidez era considerada de risco. “Por conta disso, os exames determinaram que minha esposa deveria passar por uma cesariana, que estava agendada para sábado”, explica Washington.
No entanto, segundo ele, o médico que atendeu sua esposa ignorou a informação e optou pelo parto normal. Houve complicação e a criança morreu ainda durante o procedimento. “Por pouco a tragédia não foi maior. A minha esposa poderia ter morrido também”, lembra o pai da criança.
Na Certidão de Natimorto do bebê, a causa da morte é apresentação anômala circular dupla de cordão (quando o cordão umbilical fica, no final da gravidez, enrolado à volta de alguma parte do feto, normalmente à volta do pescoço) e macrossomia fetal (condição que se caracteriza, principalmente, pelo excesso de peso do recém-nascido).
O bebê, que se chamaria Ester, foi enterrado ontem, no Cemitério Municipal de Nova Iguaçu. Washington disse que vai registrar ocorrência na delegacia e pretende processar a maternidade por negligência médica. Lucília Maria, que tem outros dois filhos, teve alta do hospital somente ontem e não pôde comparecer ao sepultamento.
Maternidade nega indicação de cesárea
Em nota, a direção geral da maternidade Mariana Bulhões afirmou que a paciente Lucília Maria Martins, de 41 anos, deu entrada na unidade, no último sábado (17), em trabalho de parto e sem indicação de cesárea.
“Vale ressaltar que essa era a terceira gestação da paciente e seus dois primeiros filhos nasceram de parto normal. Durante o parto, houve uma emergência obstétrica e a paciente foi levada ao centro cirúrgico para realização a cesárea, contudo o bebê não resistiu e morreu”, diz um trecho da nota.
A direção da maternidade também informou que a Comissão de Óbito Materno Fetal da maternidade já está investigando o caso e que toda a equipe já foi chamada para prestar depoimento durante esta semana. “A unidade dispõe de profissionais de psicologia e assistência social, que já conversaram com a família e se colocaram à disposição, caso precisem”, finaliza.
Por Raphael Bittencourt
via: jornal de hoje
21/06/2017