Por: Marcelle Carvalho
Após a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) afirmar que o carnaval de 2018 poderá ser inviável, caso o prefeito Marcelo Crivella mantenha a decisão de cortar pela metade a subvenção dada pela prefeitura às escolas de samba do Grupo Especial, o prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, anunciou que está disposto a transferir os desfiles da Marquês de Sapucaí para o município da Baixada Fluminense.
— A festa traz receita, movimenta a economia. Tem dinheiro para tudo. Se puder levar a Sapucaí para Caxias, eu banco. Vai dar lucro, traz turistas, é importante para a cidade — disse o prefeito de Caxias, que criticou a decisão de Crivella: — O carnaval gera empregos, renda. O que Crivella está fazendo é um tiro no pé. Carnaval é a cara do Rio de Janeiro. Sou evangélico também, mas entendo que se tem que governar para todos.
Washington Reis também se comprometeu a ajudar Grande Rio, agremiação de Duque de Caxias, para o desfile do ano que vem.
Há uma semana, Crivella anunciou sua decisão de tirar dinheiro do carnaval para dobrar (de R$ 10 para R$ 20) o valor diário gasto com cada uma das 12 mil crianças matriculadas em 158 creches conveniadas com o município. Representantes do setor turístico e das escolas de samba argumentam que o investimento da prefeitura no maior evento da cidade incrementa a economia do Rio. A festa, segundo cálculos da Riotur (órgão da prefeitura), movimenta R$ 3 bilhões no período, aumentando a arrecadação de impostos.
Em 2016 e 2017, cada escola do Grupo Especial recebeu R$ 2 milhões da prefeitura, por ano. Em 2015, a subvenção tinha sido de R$ 1 milhão. O então prefeito Eduardo Paes decidiu dobrar o valor para compensar a suspensão de repasses do governo do estado, que já enfrentava dificuldades financeiras. O último ano em que cada escola teve apenas R$ 1 milhão em subvenções para desfilar foi em 2008.
O remanejamento de R$ 13 milhões não seria suficiente para cobrir os novos investimentos prometidos em todas as creches conveniadas. Para dobrar o valor das diárias pagas por criança, o prefeito precisaria de R$ 43,2 milhões a mais por ano. O dinheiro tirado do carnaval seria suficiente para atender apenas 3.611 crianças. As escolas dos grupos de acesso também receberão menos recursos da prefeitura, mas os cortes não foram divulgados. Apenas no caso do Grupo A (cuja campeã é promovida ao Grupo Especial), a subvenção do município este ano foi de R$ 1 milhão por escola.
Crivella, no entanto, deixou em aberto a possibilidade de patrocinadores privados selecionados pela prefeitura e de o Conselho Municipal de Turismo investirem em eventos que ajudem as escolas.
Via: Jornal Extra
19/06/2017