Por Henrique Coelho, G1 Rio
Eu quero justiça. Quero um pedido de desculpas, porque fomos eu e minha família que investigamos tudo. A polícia não fez nada", disparou a mãe de Carlos Henrique Mendes, de 30 anos, encontrado morto no na última sexta-feira (16), com sinais de tortura, na Baixada Fluminense. Nesta segunda-feira (19), Solange Mendes se encontrou com o chefe da Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa.
"Eu recebi uma ligação para vir para cá [para a DH, na Barra da Tijuca] e por isso vim. Não sei o que vai acontecer. O que eu sei é que, se eles pressionam a favela onde ele foi encontrado, ele seria tirado de lá vivo", disse ela, emocionada. Na tarde desta segunda, o caso saiu da Divisão Antissequestro e passou a ser investigado pela Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).
Solange relembrou a dificuldade que enfrentou para registrar o caso, como mostrou o G1 na última sexta, e revelou que o cartão de Carlos Henrique foi usado após o crime. "Ele também fez um depósito de R$ 650 no dia do crime", disse ela, acrescentando que o carro da vítima está com a família: "Ha sinais de luta e sangue no carro, que está com a gente".
Peregrinação por delegacias
Segundo o padrasto da vitima, Brás Antônio Gomes, parentes foram a três delegacias distritais - 35ª DP (Campo Grande), 43ª DP (Guaratiba) e 58ª DP (Posse) - e à DHBF em busca de informações. "Foram omissos com a gente. Toda a investigação foi feita por nós", disse Brás.
Após receberem várias ligações com pedidos de resgate por Carlos Henrique e uma denúncia da localização do carro da vítima, encontrado dentro de uma favela em Nova Iguaçu, Solange recebeu uma foto, de uma pessoa que não se identificou. "Na hora eu percebi que era ele (Carlos Henrique)", disse a mãe.
O padrasto ainda ressaltou que a família sabia que Carlos era homossexual e que nunca foi contra esse fato. Tanto ele quanto Solange acreditam que o crime pode estar ligado a um relacionamento do rapaz.
"Ele tinha um relacionamento com com um interno do Degase. Pedimos para que isso seja investigado", afirmou Brás, referindo-se ao Departamento Geral de Ações Socioeducativas.
Após se encontrar com Solange e Brás, o delegado Rivaldo Barbosa disse que se desculpou pela forma como o caso foi tratado, mas preferiu não se manifestar sobre as acusações de que agentes teriam sido omissos.
"Deixo minhas desculpas por ela não ter sido atendida da forma que ela queria. Sobre a omissão, só a investigação vai poder dizer o que aconteceu ou não. Estabelecemos uma nova forma de trabalhar esse caso, ela está indo para a Delegacia de Homicídios, e vamos estabelecer todo um protocolo na DHBF no que diz respeito ao caso", disse o diretor das Divisões de Homicídios, Rivaldo Barbosa.
"Ocorreram alguns imprevistos que podem ter dado a impressão de que a polícia deixou de lado o caso, mas a investigação vai provar todas as observações que a família fez", afirmou Rivaldo.
(Foto: Henrique Coelho/G1)
Via: G1
20/06/2017