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Casa do Menor abre vagas para cursos profissionalizantes em Nova Iguaçu

segunda-feira, julho 03, 2017

/ by Jornal Destaque Baixada

Uma das instituições mais respeitadas da Baixada Fluminense, a Casa do Menor São Miguel Arcanjo, em Nova Iguaçu, está com mais de 600 vagas disponíveis para cursos profissionalizantes neste segundo semestre, mas a capacidade do lugar seria atender muito mais, se não fosse a crise financeira. O padre Renato Chiera, de 75 anos, fundador do espaço, lamenta a falta de apoio do poder público para manter o local, que já tirou mais de 60 mil jovens e adultos de situações de risco social em 31 anos de história.


Atualmente, o religioso mantém toda a estrutura da casa por meio de doações, algumas até vindas do exterior. Mesmo com toda a dificuldade enfrentada, Chiera, que é de origem italiana, enaltece o trabalho feito.

— Ainda bem que o povo ainda é muito solidário. Estamos vivendo de doações. A Casa do Menor nasceu do grito de jovens que não queriam ser assassinados e a missão dela vai continuar existindo — afirma o padre.

Ex-morador do Parque Analândia, em São João de Meriti, local dominado pelo tráfico de drogas, o jovem Yan Wanderson dos Santos Ferrari, de 18 anos, mudou sua perspectiva de vida ao entrar para o curso de elétrica predial oferecido no espaço. Ele ainda fez um curso de inserção no mercado de trabalho e conseguiu uma vaga de Jovem Aprendiz na área administrativa da Unirio em Queimados.

— Eu não pensava em estudar. Só queria ganhar dinheiro e sair. Entrei aqui e me abriu os olhos. Sou outra pessoa — garante Yan.

Além da elétrica predial, a Casa do Menor oferece cursos de design gráfico, mecânica, auxiliar de cabeleireiro, assistente administrativo, para quem tem mais de 14 anos; e gastronomia e panificação, a partir de 16 anos. As inscrições já estão abertas e continuará durante todo o mês de julho e agosto. As aulas começarão no dia 31 de julho de 2017.

— A casa trabalha a inclusão. Não é um curso apenas de formação técnica, é de formação social também — diz Elaine Carvalho, coordenadora pedagógica.

Saiba Mais

DOCUMENTOS

Para fazer a matrícula é preciso levar: três fotos 3x4, pasta modelo 17 azul, certidão de nascimento, RG, CPF, comprovante de residência e de escolaridade (os responsáveis devem apresentar RG e CPF em caso de alunos menores de 18 anos).

TAXA

A mensalidade do curso, que dura um semestre, é de R$ 75. Outras informações em 2886-1159 ou 98689-4736.

SACEDÓRCIO

Responsável pela Casa do Menor, o padre Renato Chiera comemorou no último fim de semana 50 anos como padre. Desses, 31 anos foram dedicados à criação da instituição. Ele tem um sonho de abrir uma filial da Casa na África, na Guiné Bissau, e outra na Europa.

COMO AJUDAR

Quem quiser fazer algum tipo de doação para a Casa do Menor ou conhecer o local pode ir até lá, no endereço Avenida Duque Estrada Meyer 222, bairro de Miguel Couto, em Nova Iguaçu. O espaço está sempre aberto.

‘Não se pode combater a violência com mais violência’


Pe. Renato Chiera

O objetivo da casa é mostrar que todo mundo é recuperável, através do amor e da pedagogia. Ninguém quer entender a causa da violência, mas está na falta de amor, na falta de perspectiva, na falta de futuro. Não é cadeia que resolve. Não se combate violência com mais violência. Por isso, aqui oferecemos essa oportunidade de futuro. Nesses 31 anos de história, já passaram por aqui cem mil pessoas. Se apenas um desses tivesse garantido um futuro, eu já estaria feliz porque eu cumpri minha missão. Mas, foram 60 mil que garantiram uma profissão. Ou seja, tiveram uma opção de futuro. Então, é muito triste que o poder público não olhe para a Casa do Menor. Já tive ajuda dos governos municipais, estadual, federal, mas hoje não tenho ajuda de nenhum deles. A gente está vivendo de doações. Graças a Deus, o povo ainda é muito solidário. Eu vejo muitas casas fechando por aí, só que eu também vou atrás. Bato em supermercado, peço ajuda. Eu vou cutucando onde eu posso. Para não fechar, a gente também vai se adequando, mudando. Tenho capacidade para mil pessoas por dia aqui. Agora, são só 600 pessoas. Tivemos que diminuir nossas atividades. De qualquer forma, agradeço ao Senhor sempre porque somos um pequeno sinal de esperança para muitos jovens.
Reportagem : Igor Ricardo
Foto: Cléber Júnior / Extra
Via: jornal extra
03/07/2017
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