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Sindicato não consegue reajuste salarial e decepciona rodoviários

sábado, julho 22, 2017

/ by Jornal Destaque Baixada

NOVA IGUAÇU - Motoristas, cobradores, fiscais e despachantes vão continuar recebendo os salários nos valores de novembro do ano passado. Nada ficou decidido na assembleia extraordinária da categoria, realizada na quinta-feira (20), à tarde, na sede Campestre.

Apenas 164 trabalhadores, de um universo de mais de 10 mil, compareceram à convocação. Eles justificam que falta credibilidade do sindicato perante a categoria e alegam que as propostas recebidas são combinadas antes com os patrões.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários em Nova Iguaçu, Joaquim Graciano da Silva, o Buda, disse na sexta-feira (21) que nada foi decidido na assembleia. “Ficou com mesmo jeito. Só foram 164 rodoviários… muito irrisório… Marcamos outra para a próxima quinta-feira (27), no mesmo horário e local”, adiantou. Ou seja, a categoria não aceitou os 4% de reajuste salarial oferecido pelos donos das empresas de ônibus, através do sindicato patronal, o TransÔnibus.

A reportagem do Jornal de Hoje conversou com vários rodoviários nos pontos de ônibus no centro de Nova Iguaçu. Temendo perseguições no trabalho ou demissões, todos os trabalhadores ouvidos, só aceitaram falar o que acham e sabem, se seus nomes fossem preservados e citados apenas as iniciais e o nome das empresas onde trabalham.

“Não creio no sindicato e por isso não fui à assembleia. O que o patrão fala para o nosso presidente é o que o nosso sindicato faz. No nosso sindicato só funciona bem o serviço médico”, desabafou P.J.S., motorista da São José. “Isso é um jogo de comadres. Os patrões oferecem 4% de reajuste e nosso sindicado diz que vai lutar para melhorar o percentual, mas não faz nada”, completa.

Combinado com o patrão

O motorista S.S.S., também da São José, disse que as empresas Tinguá e Flores demitem os cobradores e só contratam motoristas que assinarem um termo que os obriga a dirigir e cobrar a tarifa. “Caso contrário, não contrata”, afirma. “Queria acreditar no nosso sindicato, mas não posso”, completa.

Segundo os rodoviários, as assembleias são marcadas propositalmente em horário de grande circulação dos coletivos nas ruas. O objetivo seria justamente esvaziar os debates. “Eles marcam reunião (assembleia) em horário que a gente não pode ir. O objetivo do sindicato é esvaziar mesmo. A gente larga tarde do trabalho. E o horário marcado, é combinado com os patrões”, comenta P.C.S., despachante da São José. “Se a gente faltar prá ir a assembleia, perde dois dias de trabalho”, finaliza. “O sindicato dos rodoviários trabalha de acordo com a vontade dos patrões… isso é uma pouca vergonha”, interfere J.B.S., motorista da São José.

Sindicato contra greve

P.H.R., motorista da Linave, é mais um que detona o sindicato da categoria. “Soube que nada foi decidido. Tem muita gente que vai sair do sindicato. Eu sou um deles. Nosso sindicato sempre dá o contra, quando a gente fala em greve”, revela. “Não compareço porque tudo do nosso sindicato é combinado com o patrão. O reajuste era em março, com aumento em abril. Os patrões mudaram para julho, com recebimento em agosto”, dizem os motoristas A.S. e A.R., da Ponte Coberta. “Eu não fui à assembleia porque não acreditamos no sindicato. Na minha folga, procuro ficar com minha mulher, minha família”, garante U.R., outro motorista da São José. “Nosso sindicato não luta, não faz nada por melhores condições e qualidade do nosso trabalho”, arremata B.F., motorista da Linave.

>>>Memória – Criado em 1959, o sindicato dos transportes rodoviários ganhou visibilidade pública com a criação do sindicato das empresas de transportes de Nova Iguaçu, inicialmente chamado de Setranspani, sob a presidência de Narciso Gonçalves da Silva. Passados 40 anos, mudou a logomarca para TransÔnibus, novamente sob a presidência de Narciso Gonçalves, como é mais conhecido. Os comentários da discreta relação de bastidores entre o sindicato dos patrões com o dos trabalhadores, também atravessaram o tempo. As chapas de oposição, nos períodos de eleição de diretoria, sempre bateram pesado nesse relacionamento e a única saída para quebrar esse suposto pacto, segundo os opositores, era vencer as eleições – o que nunca aconteceu.
Via Jornal de Hoje
por Davi de Castro
22/07/2017
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