Foto divulgação Band
Boris Casoy foi condenado a indenizar o gari José Domingos de Melo, vítima de comentário do jornalista durante a exibição de uma reportagem no Jornal da Band, em 2010. A determinação do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) veio a público na última quarta-feira (20).
No episódio que acabou em processo, o varredor e seu colega, Francisco Gabriel de Lima, apareceram em uma vinheta especial de Natal do canal, mas uma falha técnica abriu os microfones do estúdio onde Boris estava. “Que merda! Dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras. Dois lixeiros. O mais baixo da escala de trabalho”, disse o jornalista, sem saber que sua fala estava no ar.
Após críticas, o apresentador se retratou sobre o comentário, definido por ele próprio como “uma frase infeliz”. O TJ-SP condenou Boris e a Rede Bandeirantes a pagar indenização de R$ 60 mil ao varredor. O valor, que à época era de R$ 21 mil, subiu com as correções monetárias dos últimos cinco anos de processo. José recebeu a quantia em 28 de agosto.
De acordo com a Femaco (Federação dos Trabalhadores em Serviços, Asseio e Conservação Ambiental, Urbana e Áreas Verdes no Estado de São Paulo), o varredor trabalha há 12 anos na empresa e recebe salário de R$ 1.161,34, além de benefícios como adicional de insalubridade, vales refeição e alimentação.
Ao R7, José afirmou que pretende usar o dinheiro para ajudar a mãe, de 75 anos, que vive em Pernambuco, a reformar a casa, e celebrar ao lado dos colegas de trabalho.
— Quero pagar minhas dívidas e oferecer um churrasco. Alguns deles não acreditaram que o processo teria êxito, mas agora quero comemorar e mostrar para todos que a Justiça tarda, mas não falha.
O gari ainda falou sobre como se sentiu ao escutar as ofensas do jornalista.
— Fiquei muito triste. Eu havia acabado de chegar em São Paulo e tudo era muito novo para mim, inclusive o meu emprego. Eu estava trabalhando quando fui abordado por uma equipe me pedindo para gravar uma mensagem de “Boas Festas”. Apesar da timidez me dispus à gravação. No entanto, após a exibição, o Boris começou a rir e a menosprezar a minha profissão com palavras muito cruéis. Aquilo me abalou muito, ainda mais pela época festiva em que estávamos. O preconceito é o grande mal da humanidade. Não me refiro só ao que ocorre com garis, mas também com negros, gays, pobres, deficientes, etc. Isso existe e machuca muito.
O varredor confidenciou que foi Roberto Santiago, presidente do sindicato, o responsável por ajudá-lo a processar o jornalista e a emissora.
— É humilhante ouvir um apresentador de TV conhecido em todo o País debochando de você em rede nacional. Eu não sabia o que fazer. Até que fui procurado pelo presidente do sindicato, que nos deu todo o suporte jurídico e disponibilizou advogados da federação para nos defender [referindo-se ao seu colega de trabalho que também apareceu na vinheta]. Muitos disseram que [o processo] não daria em nada e a justiça é tendenciosa. O tempo passou e aí está o resultado, a justiça foi feita. Agradeço muito ao seu Roberto, a nossa federação e ao nosso sindicato.
Apesar da quantia que recebeu, José não pretende abandonar a profissão.
— Esse dinheiro [da indenização] ajuda, mas não garante o meu futuro. Eu vou continuar trabalhando até me aposentar. Tenho orgulho do que faço.
Assim como José, Francisco, que também participou da vinheta de fim de ano, ainda não teve parecer conclusivo da justiça.
Procurados, a Band e o jornalista Boris Casoy disseram que não vão comentar o caso.
via: R7 entretenimento
22/09/2017