NOVA IGUAÇU - Uma tragédia abalou a família de Ênio Dutra dos Santos, de 36 anos. O catador de material para reciclagem morreu afogado em um valão localizado em frente a casa onde morava, na Rua Francisco, na localidade Bomba do Guandu, no Km 32, em Nova Iguaçu, no último domingo.
A morte não foi por acaso. Parecia anunciada. Segundo parentes, era por volta das 18h quando o jovem, que sofria de epilepsia desde os 8 oito anos de idade, teve mais uma crise convulsiva e caiu no esgoto a céu aberto sem que alguém presenciasse o incidente e o socorresse. Ênio, que morava no mesmo terreno onde os pais residiam, se preparava para ir à igreja. Seis horas depois, o corpo foi achado pelo pai, João Rodrigues dos Santos, coberto por uma espessa camada de lama. Ele está desolado e chora sem parar pela perda do filho.
Era um fim trágico para um histórico de descasos atribuidos pelos moradores do bairro ao poder público, mais especificamente à Prefeitura de Nova Iguaçu. “Ficávamos preocupados com essa vala em frente a nossa casa. Tinha medo que ele caísse ali quando não houvesse ninguém por perto. E pior aconteceu. Todos os dias eu falava para ele tomar cuidado. Meu filho não merecia morrer desse jeito. Vamos processar o município”, disse a mãe, Sônia Regina Pereira Dutra. A certidão de óbito atesta que a morte de Ênio foi causada por ‘broncoaspiração e ação fisico-químico.
Pedidos para sanear trecho
Segundo a dona de casa, diversos pedidos foram feitos aos órgãos competentes da Prefeitura, mas não houve resposta. O bairro populoso, também é um dos que mais apresentam marcas de abandono.
A falta de saneamento básico, como rede esgoto, pavimentação asfáltica e até água potável são problemas que ameaçam a dignidade dos moradores e minam os últimos fios de esperança de terem uma vida menos cruel.
Vítima tomava dois medicamentos para controlar as crises
De acordo com Sônia Regina, o filho tomava dois medicamentos para o controle das crises de epilepsia (Depakene 500 mg e Carbamazepina 200 mg), mas ultimamente elas estavam mais intensas.
Ênio, ainda segundo a mãe, era um, filho dedicado. Víuvo, vivia de recolher papelão, alumínio, ferro e cobre para vender e tirar seu sustento. “Era trabalhar e tinha muitos planos. Estamos muitos abalados e esperando a ficha cair”.
A tragédia deixou moradores revoltados com descaso do poder público. Eles alegam que o prefeito Rogério Lisboa foi ao bairro nas eleições passadas e pediu votos com a promessa de, se eleito fosse, sanear e pavimentar a região. “Mas nunca mais voltou para cumprir suas promessas”, afirmou um comerciante. O corpo do rapaz foi sepultado na tarde da última segundafeira no Cemintério de Olinda, em Nilópolis
Via Jornal Hora H
13/09/2017