O evento contou com café da manhã solidário para moradores de rua
A primeira Jornada Mundial dos Pobres foi celebrada pela Diocese de Duque de Caxias com uma programação que contou com debates, momentos de oração e muita solidariedade nas ruas das cidades de Duque de Caxias e São João de Meriti. A jornada se iniciou no último dia 18, com o ‘Seminário por uma Cultura de Paz: drogas e violência, um debate necessário’, reuniu agentes de pastoral, educadores, estudantes, profissionais da área e militantes de movimentos sociais que, juntos, debateram soluções para a controversa questão do combate às drogas, os diferentes discursos e entraves que envolve a política de drogas e os possíveis caminhos para conter a corrupção e a violência associadas ao consumo e ao tráfico de drogas, realidade presente em grande parte dos países do mundo.
A mesa de debates foi mediada por Frei Toni Michels, OFM, e que contou com a presença de Luciana Boateux, professora de Direito Penal da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ricardo André de Souza, subcoordenador de defesa criminal da Defensoria Pública do Estadual do Rio de Janeiro e do coronel Ibis Pereira, Oficial da Reserva da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. O seminário contou com o apoio das pastorais sociais, Ação Social Papa Paulo VI (ASPAS), e do Fórum Grita Baixada.
Dom Tarcísio Nascentes dos Santos, bispo diocesano, fez a abertura do seminário manifestando a preocupação da Igreja com o problema das drogas e da escalada de violência, destacando a importância de dialogar com a sociedade alternativa para a defesa da vida e superação de um mal que afeta milhares de pessoas no país e no mundo. O prelado também destacou a preocupação do Papa Francisco com as drogas, que, segundo o pontífice, é uma chaga social que revela uma nova forma de escravidão que afeta o homem contemporâneo e a sociedade em geral.
“Apesar das múltiplas causas que levam à dependência das drogas, toda pessoa precisa ser valorizada e apreciada em sua dignidade para poder curar-se, pois continuam tendo, mais do que nunca, uma dignidade de pessoas que são filhos e filhas de Deus. Somos chamados a amar os pequenos e pobres como exigência de bem viver a mensagem do Evangelho”, afirmou o prelado.
Para aprofundar o debate do tema, em 2018, a Campanha da Fraternidade, promovida pela Igreja do Brasil na Quaresma, terá como tema ‘Fraternidade e superação da violência’, e como lema ‘Vós sois todos irmãos’ (Mt 23,8). Após o seminário, Dom Tarcísio presidiu a missa seguida da Adoração ao Santíssimo. Durante a Hora Santa os presentes oraram por todos que sofrem com a violência e todo o tipo de perseguições existentes no mundo, que segundo o prelado são situações que ofendem a Deus e ferem a dignidade humana.
Solidariedade nas ruas
No Regional São João de Meriti, a Pastoral do Povo da Rua e a Fraternidade Santo Antônio participaram da missa na Comunidade Bom Pastor, presidida pelo padre Orazio Zecchin, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Glória, Vilar dos Teles, seguida de um momento de oração inter-religioso na Praça da Matriz que culminou com um ‘Cafezão Solidário’ oferecido aos moradores de rua que residem na principal praça da cidade. A ação contou com a participação de grupos espíritas que também promovem ações sociais nas redondezas.
No Regional Centro, o domingo (19) foi de muita solidariedade. Logo pela manhã, a Pastoral do Povo da Rua da Catedral de Santo Antônio ofereceu nas ruas um café da manhã aos moradores de rua do Centro de Duque de Caxias. A iniciativa também se repetiu na Paróquia Imaculada Conceição, na Vila São Luiz, e na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro 25 de agosto.
A Fraternidade Santo Antônio, vinculada à Ordem Franciscana Secular do Brasil (OFS), promoveu, ao longo do dia, atividades de sensibilização na Catedral de Santo Antônio para divulgar a Jornada Mundial dos Pobres e apresentar as principais ações sociais realizadas pela paróquia, além de pedir doações de alimentos, roupas e calçados, leite para crianças refugiadas ou com HIV, fraldas geriátricas G e brinquedos para a campanha ‘Natal Criança Feliz’. Outras paróquias, comunidades e grupos também celebraram o Dia Mundial dos Pobres, mas até o fechamento desta edição, não haviam informado de suas atividades.
Para Cláudio Santos, agente da Pastoral do Povo da Rua, o Dia Mundial dos Pobres é um forte apelo à nossa consciência cristã, para ficarmos cada vez mais convictos de que partilhar com os pobres nos faz compreender o Evangelho na sua verdade mais profunda, como exorta o Papa Francisco, fato que exige de todos gestos concretos de misericórdia com os pequenos e pobres:
Há muitas situações de pobreza material e espiritual na sociedade, que necessitam de serem alcançadas, concretamente, por atitudes de misericórdia como Cristo se revela misericordioso conosco. Somos chamados assim a, também, nos assemelharmos a esse mesmo Cristo pobre e amá-lo, amando aqueles que estão à margem da sociedade” – declarou.
O Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa Francisco na carta apostólica “Misericórdia et mísera” (do latim, ‘Misericórdia e miséria’), como sinal concreto do Ano Santo da Misericórdia. Em junho, o papa publicou mensagem para o Dia Mundial dos Pobres com o lema “Não amemos com palavras, mas com obras” (1 Jo 3,18). A data será celebrada, anualmente, no 33.º Domingo do Tempo Comum, antecedendo a ‘Festa de Cristo, Rei do Universo’, solenidade que encerra o Ano Litúrgico da Igreja Católica.