Reportagem; Davi de Castro
A Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) deve encerrar suas atividades, dia 22 de março de 2018, em Nova Iguaçu. Dirigentes da instituição, em São Paulo, reuniram funcionários e pais de crianças ontem na sede, situada na Rua Maranhão, 125, no bairro Jardim da Viga, para comunicar a decisão.
As 230 pessoas que são assistidas na AACD, entre crianças e adultos, ainda não sabem o que fazer para continuar o atendimento. No ano de 2017 foi marcado por lutas, protestos e manifestações pela permanência da entidade. No dia 17 haverá protesto em Copacabana e a novela começa um novo capítulo.
O Jornal de Hoje entrou em contato com a sede da AACD em São Paulo, para saber os motivos alegados para o encerramento das atividades em Nova Iguaçu. Através da assessoria de imprensa, a resposta foi a seguinte: “A AACD comunica que, atendendo ao acordo firmado durante a audiência pública realizada em 13 de julho de 2017, seguirá com suas atividades até março de 2018. Após esse período, não renovará o contrato com o município de Nova Iguaçu. A AACD lamenta essa decisão e, preocupada com a continuidade dos atendimentos aos pacientes beneficiados pelos tratamentos na instituição, informa que ainda está à disposição da Prefeitura, para ajudá-la na municipalização dos atendimentos. É importante lembrar que, atualmente, a AACD de Nova Iguaçu opera em um déficit, agravado pela irregularidade dos repasses, que deveriam ser realizados pela prefeitura”, diz a nota à imprensa.
Pacientes não têm para onde ir
A novela da AACD começou no inicio do ano, com comentários, segundo os quais a instituição encerraria suas atividades em Nova Iguaçu em 30 de setembro, deixando para trás mais de 230 pessoas que, há mais de dois anos, vinham sendo atendidas. A notícia provocou um grande rebuliço entre pais, mães e responsáveis por pessoas portadoras de deficiências. Várias reuniões foram realizadas e o conselho administrativo, sediado em São Paulo, manteve a decisão. Na ocasião, a gestora da AACD, Luciana Martins, disse que a instituição tinha um custo mensal em torno dos R$ 350 mil e que a prefeitura, além da dívida acumulada, não vinha cumprindo a sua parte no contrato, o qual venceria no dia 18 de março de 2018.
>>Memória – Uma grande polêmica se estabeleceu em torno no assunto, envolvendo muito bate-boca entre o governo do prefeito Rogerio Lisboa (PR) e os pais de crianças deficientes, principalmente em junho. Enquanto Lisboa negava a dívida, a AACD sustentava que a conta a ser paga seria em torno dos R$ 600 mil. A contenda durou sete meses, incluindo o fechamento da via Dutra, causando vários quilômetros de engarrafamento no sentido São Paulo. A manifestação, ocorrida no dia 30 de junho, provocou inclusive a apreensão de carros de som e de veículos de pessoas portadores de deficiência. No dia 13 de julho o juiz Wilson Kozlowsky, da 2ª Vara Cível, bateu o martelo e decidiu que a AACD cumprisse o contrato e determinou que a prefeitura quitasse o débito, colocando ponto final na novela. Agora, nova manifestação prevista para o dia 17 de dezembro, na Avenida Atlântica, em Copacabana, para chamar a atenção das autoridades, contra o fechamento da AACD, marca o recomeço de um novo capítulo da novela que parece ainda longe do fim.
via: jornal de hoje
12/12/2017