Há 25 anos, a atriz e bailarina Daniella Perez era assassinada pelo ator Guilherme de Pádua, com a ajuda de sua mulher –à época–, Paula Thomaz.
Daniela e Pádua contracenavam na novela “De Corpo e Alma”, de autoria de Glória Perez (mãe da atriz), onde interpretavam respectivamente Yasmin e Bira.
Horas antes do crime, em capítulo gravado, Yasmin termina o namoro com Bira. Após a gravação da cena, o ator teve uma crise de choro nos corredores da TV Globo.
Ao deixar os estúdios da emissora, Daniella saiu dirigindo seu carro, e Pádua a seguiu em seu Santana. Após pararem numa rua deserta, próxima a um matagal, a atriz entrou no carro dele.
Após discutirem, o ator tentou estrangulá-la e Daniella conseguiu sair do carro. O ator então a perseguiu, a derrubou com um soco e com a ajuda de Paula Thomaz assassinou Daniella com 18 golpes de tesoura.
No dia seguinte, já como suspeito, Pádua compareceu ao velório, para prestar condolências e chegou a consolar Glória Perez.
CONDENAÇÃO
Guilherme de Pádua foi condenado condenados por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima), em janeiro de 1997 a 19 anos de prisão. Paula Thomaz recebeu pena semelhante em maio, 18 anos e meio.
Dois anos após ter sido condenado, Pádua obteve a liberdade condicional e em maio de 2000 a redução de 25% da pena.
A Emboscada e o soco
Daniella sofreu uma emboscada na saída de um posto de gasolina ao lado do estúdio, onde parou para abastecer o carro. Com um soco que a desfaleceu, Guilherme de Padua a atirou no santana dirigido por Paula Thomaz. No dia seguinte ao crime, recebi na minha casa o telefonema de uma mulher que não quis se identificar. Muito nervosa, dizia que eu fosse ao posto, se quisesse saber o que havia acontecido com minha filha. Fui. Os frentistas se recusaram a falar comigo dizendo que eu ia prejudica-los. O gerente também se recusou a dar qualquer informação. Sumariamente, despediu os frentistas que testemunharam o ataque e se recusou a fornecer o nome e o endereço deles.
Por outro lado. em depoimento à polícia, o motorista de duas crianças que foram tirar fotos com os atores na saída do estúdio, dizia que, a pedido dos meninos, seguira o carro de Guilherme de Pádua, até que ele estacionou no acostamento (posição da emboscada). Apesar do pedido das crianças, que queriam parar também, o motorista seguiu pra casa.
Diante de todos esses fatos, voltei diariamente ao posto, até que um vigia me disse que um dos frentistas era gago, se chamava Flavio e morava numa favela da Barra ou Jacarepaguá. Era só o que sabia. Durante meses subi todas as favelas da área em busca do Flavio. Foram semanas e semanas nessas comunidades, esperando chegar um Flavio que, no final das contas, não era quem eu procurava. Mas um dia encontrei! Era um rapaz muito jovem. A mãe dele me viu da janela, gritou para que ele entrasse e fechou a porta, dizendo que não queria problemas para o filho:
"se fizeram isso com sua filha sendo a senhora uma pessoa conhecida, imagine o que não vão fazer com o meu: e não sai nem no jornal!"
Foram muitos e muitos dias que passei sentada na soleira da casa fechada de dona Dagmar, pedindo, implorando. Um dia passei por debaixo da porta as fotos da perícia. As fotos terríveis, que mostravam as agressões e as dezoito punhaladas. Dona Dagmar, que tinha uma filha também, abriu a porta. E disse: meu filho fala!
Flavio me levou a Danielson e a um outro dos frentistas despedidos, que então trabalhava como vendedor ambulante. Esse disse que não falaria, porque tinha filhos pequenos e medo de uma vingança. Mas que sabia que estava errado em não ter procurado a polícia para fazer a denúncia e, portanto, ia me dar o nome do frentista que lavara o carro onde Daniella começou a ser ferida.
Flavio, Danielson e dona Dagmar depuseram no MP e em juízo, e Flávio testemunhou no julgamento de Guilherme de Pádua.
Leia o Depoimento de Flavio (pag 1) (pag 2) Leia o depoimento de Danielson / Leia o depoimento de d. Dagmar
Veja a reportagem da época
Hoje com 48 anos, Guilherme de Pádua se tornou pastor da igreja evangélica em Belo Horizonte, cidade onde reside.
Quanto à sua cúmplice, Paula Thomaz, sabe-se que trocou de nome, casou-se novamente e nunca mais foi vista.
via: Acervo folha
28/12/2017