Por: Gustavo Goulart / Foto: Fabiano Rocha
“Reconheço que, humanamente falando, sou um milagre”, descreveu a tabeliã substituta Michelle Ramos da Silva Nascimento, baleada na cabeça no último dia 13, ao receber alta às 10h desta quarta-feira. A mulher de 33 anos estava no oitavo mês da gestação quando foi atingida por um tiro durante um assalto em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Michelle vai para casa, mas voltará ao Hospital das Clínicas Mário Lioni, em Duque de Caxias, nos períodos de amamentação do filho.
— Sou grata a Deus pelo privilégio de minha vida ter sido renovada e a vida do meu filho também. Quando todos os médicos negaram a existência divina ali eu continuei — afirmou Michelle.
Internado na UTI neonatal da unidade de saúde, o bebê Antônio Esda, que nasceu prematuramente após a mãe ser baleada, teve uma evolução surpreendente em seu quadro de saúde, mas não tem sucção. Ele vai se alimentar do leite materno através de sonda.
— Desde domingo estou acompanhando ele diariamente. Ainda não peguei no colo, ainda não amamentei. Mas estou na expectativa. Expectativa boa — disse a mãe.
Segundo a médica Viviane Giordano, coordenadora da UTI Neonatal do Hospital de Clínicas Mário Lioni, em Duque de Caxias, onde mãe e filho estavam internados até a manhã desta quarta-feira, o bebê saiu de um quadro grave de saúde para o de recuperação e sua melhora é progressiva.
O médico Carlos Loja, diretor executivo do Hospital de Clínicas Mário Lioni, afirmou que Michele teve sorte porque a bala tangenciou o cérebro dela. Segundo ele, o projétil entrou no lado esquerdo e saiu um pouco adiante, na parte de trás da cabeça e não atingiu nenhuma trecho vital:
— Ela foi alvejada diretamente na cabeça. Já é de se imaginar o que acontece com uma pessoa que recebe uma violência dessa. Mas, além da sobrevivência, ela recebeu a assistência que a gente pode considerar a mais adequada possível na chegada ao Hospital Geral de Nova Iguaçu. O que eles fazem suscitar que isso de fato tenha sido um milagre foi essa conjuntura toda. Ela mostrou muita força.
O pai do bebê, o corretor de imóveis Wallace Araújo, Manteve o mesmo espírito de fé e religiosidade durante a entrevista.
— Quando aconteceu aquilo no disparo fui até um dos homens e disse: "Você matou minha esposa". E depois no hospital, após a cirurgia, o médico chegou para mim e disse que já tinha feito tudo o que podia fazer. E eu disse a ele: "Doutor sou muito grato pelo que o senhor fez, mas há um que vai fazer o que os remédios não conseguem fazer". E ele fez e está fazendo. Minha esposa ainda precisa se recuperar, e o que ela mais quer agora e está muito ansiosa por isso é amamentar o bebê — contou.
CRIMINOSO SAIU DE CARRO ATIRANDO
Michelle, então grávida de oito meses, e o marido foram abordados por bandidos na manhã do último dia 12, em Belford Roxo. O carro que seguia à frente reduziu a velocidade, e o motorista anunciou o assalto.
Segundo o corretor, o criminoso logo atirou. Em seguida, o bandido que estava no banco do carona saltou e, ao ver que Michelle ferida, começou a gritar: “Você matou ela!”. A dupla, então, voltou para o veículo e fugiu. O caso está sendo investigado pela 54ª DP (Belford Roxo).
Via: jornal Extra
25/01/2018