Desde bem pequenos, os irmãos Guilherme (9) e Júlia (7) estudaram em uma das escola particulares mais tradicionais no município de Queimados, na Baixada Fluminense. Mas, por causa da grave crise financeira que assola todo o país, a avó e responsável pelas crianças, Idanilce Aparecida Torres (53) teve que mudar os planos e matriculou, no início deste ano, os netos na Escola Municipal Professor Alberto Pirro, no bairro Granja Alzira. A partir do próximo dia 5 de fevereiro, quando inicia o ano letivo na cidade, os pequenos começam uma nova fase em suas vidas.
Com a grana mais curta e o orçamento apertado, dona Idanilce vai confiar a educação dos netos às mãos do ensino público. Mas o caso desta família não é isolado. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Educação, cerca de 45% das novas vagas oferecidas pela rede pública municipal de ensino para 2018 foram preenchidas por alunos que migraram da rede particular. Ou seja, cerca de 700 novos alunos, do quarto ao sexto ano, chegam da rede privada de ensino.
Essa nova realidade pode ser vista na declaração de dona Idanilce. Ela conta que o orçamento apertou e foi preciso dar um voto de confiança ao ensino público: “Eu pagava a escola deles, mas estou com minha mãe doente em casa e um filho desempregado. Começou a não fechar a conta, porque eram mais de R$600 por mês, entre mensalidade e material escolar. Por isso, aproveitei a localidade dessa escola próxima da nossa casa e transferi meus netos para a rede pública”, contou a agente de saúde que mora no bairro Eldorado.
Este ano as salas de aula das escolas municipais cheias de novos alunos mostram um outro cenário. De acordo com o Secretário Municipal de Educação, professor Lenine Lemos, o encerramento de atividades de algumas turmas de colégios estaduais também incharam as unidades do município: "A luta pelo fortalecimento da educação é diária: “Além da grande procura dos alunos da rede privada, o fechamento de diversas turmas do segundo segmento pelo governo do estado também contribuiu para esse aumento na procura de vagas na rede municipal. Nós estamos trabalhando para oferecer uma educação de qualidade”, ressaltou
Rede ampliada
Para comportar tanta procura, a Secretaria Municipal de Educação teve que ampliar a rede. Além da municipalização da Escola José de Anchieta, no bairro Granja Alzira, que gerou cerca de 700 novas vagas, atualmente passam por obras de reforma e ampliação diversas unidades no município, como as escolas São José (Parque Ipanema), Oscar Weinshenk (Fanchen), Monteiro Lobato (São Francisco), Cledon Cavalcante (São Bartolomeu), José Anastácio Rodrigues (Fazendinha), Primeira Igreja Batista (Centro) e Maria Corágio Pereira Xanxão (Jardim da Fonte).
Para 2018, o município aumentou em cerca de 10% o número de vagas na educação infantil, ensino fundamental e EJA (Educação de Jovens e Adultos). No total, serão cerca de 15 mil alunos nas salas de aula, divididos entre as 31 escolas municipais e três creches.
O fortalecimento do sistema pedagógico também é um fator predominante para reestruturação do ensino municipal. Durante o ano de 2017, o plano municipal de educação foi consolidado e vários simulados foram realizados visando à Prova Brasil.