O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), prestou, nesta quinta-feira (8/3), esclarecimentos acerca do laudo do setor de segurança eletrônica do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), em que os peritos dizem não poder confirmar tecnicamente que houve manipulação na gravação de câmeras da galeria do presídio onde o ex-governador do Rio Anthony Garotinho afirma ter sido agredido em novembro do ano passado.
O estudo do TJRJ, divulgado na quarta-feira (7/3), contradiz o laudo 1.242, divulgado em 15 de janeiro pelo MPRJ, que afirma que, na noite da suposta agressão, três câmeras no presídio foram desligadas, e uma teve a imagem congelada. Informação técnica elaborada pela Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT), da CSI/MPRJ, afirma que o laudo do TJRJ é meramente descritivo sem a demonstração de como as conclusões foram obtidas.
“Em se tratando de matéria pericial em arquivos de vídeo é mandatória a apresentação de todo o percurso dos exames realizados, ausentes no referido documento”, diz a informação técnica. “O laudo elaborado pelo Setor de Segurança Eletrônica do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro admite a falta de recursos disponíveis para uma análise mais precisa do evento e o seu resultado inconclusivo não invalida ou contradiz as conclusões apresentadas pelos Técnicos Periciais da CSI/DEDIT”, complementa o documento.
Para o MPRJ, as ferramentas utilizadas pelos peritos do TJRJ são insuficientes para aprofundar os estudos. “O laudo do TJ faz menção a imagens gravadas a partir do momento em que o sistema de câmeras foi religado. O estudo não se aprofunda na questão, nem foi realizado com as ferramentas que nós utilizamos no nosso laudo, que é muito mais amplo”, explicou a promotora de Justiça Elisa Fraga, coordenadora da CSI/MPRJ.
O laudo do MPRJ foi produzido após o exame criterioso de 269 arquivos armazenados em 16 pastas, feito por profissionais capacitados e habilitados, com experiência na análise de mais de 1,8 milhão de arquivos de áudio e vídeo. Foram utilizados recursos da suíte ADOBE para uso forense, construídos modelos que permitiram o sincronismo de várias câmeras, de modo a viabilizar análises profundas e seguras que fundamentam a conclusão do relatório.
“Nosso laudo demonstra, sem sombra de dúvidas, que, por volta das 23h, houve um desligamento do sistema de câmeras que foi religado à 1h36. Há provas de que foi religado por ação humana e não por defeito. Nosso estudo não pode afirmar que houve nem que não houve agressão a Anthony Garotinho. O que o laudo do MPRJ afirma é que as câmeras foram desligadas naquele dia por ação humana”, esclareceu a promotora Elisa Fraga.