"Vivemos uma geração que sofre de inanição da alma, de relação de afeto. E isso começa em casa. Temos filhos órfãos de pais vivos. A falta de diálogo e de relacionamento dentro de casa traz insegurança, e este é o ambiente para o bullying se propagar". A afirmação é do psicanalista e especialista em saúde mental Anderson Rodrigues. Educador formado em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele foi o palestrante convidado para o lançamento da campanha "Bullying? Tô fora!", promovida pela Prefeitura de Nova Iguaçu, por meio da Secretaria de Educação (SEMED).
Na terça-feira (12) cerca de 120 orientadoras pedagógicas estiveram no auditório da Universidade Iguaçu (Unig) para assistir à palestra "Desafios dos Educadores em Tempos Líquidos - Intimidação Sistemática (Bullying)". Anderson Rodrigues abordou temas como a relação entre pais e filhos e também a postura que deve ser adotada pelo educador ao observar que o estudante pode estar sendo vítima de bullying.
O palestrante explicou que a diferença entre o bullying e a brincadeira saudável é que no primeiro caso a vítima das brincadeiras não ri. "Quando isso passa a ser sistemático você vê a pessoa sucumbir e aquilo acaba gerando prazer em quem pratica o bullying", explica Anderson Barros, que faz um alerta. "As consequências para quem sofre bullying vão desde falta de autoestima até mesmo a dificuldade de relacionamentos interpessoais e o suicídio".
Esta foi a primeira de uma série de ações que serão realizadas ao longo do ano pela SEMED no combate à prática do bullying nas escolas. Ainda este mês a SEMED irá lançar um concurso de ilustração sobre o bullying.
"Muitas crianças e adolescentes que passam por este problema sofrem caladas. Nosso objetivo é que elas se expressem através de desenhos para que as orientadoras pedagógicas sejam capazes de analisar cada caso e fazer um trabalho diferenciado", explica a secretária de Educação Maria Virgínia Andrade Rocha. "Nós já estamos começando a notificar atos de bullying nas escolas e fazendo um acompanhamento sensível para reduzir estes casos", conclui.
Ainda segundo a secretária é comum que a escola acabe desempenhando o papel que deveria ser da família. Por isso, as orientadoras pedagógicas trabalham não só com os alunos, mas também com os pais e responsáveis, com o objetivo de fortalecer as relações. O palestrante Anderson Rodrigues acredita que as profissionais estão prontas para lidar com este tipo de situação nas escolas.
"As orientadoras saíram daqui motivadas e cientes do papel que elas têm. Educação é muito mais que um trabalho, é uma causa. Se existe uma forma de mudar a sociedade é através da educação", garantiu.