“Depois que comecei a estudar iniciei também um curso de confeitaria, sou apaixonada por bolos. Agora sei ler, medir a quantidade de cada ingrediente. Tudo isso graças a EJA”. O relato é da cozinheira aposentada Tereza Luciana da Silva, moradora de Austin. Aos 62 anos, ela cursa a quinta fase da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na E. M. Governador Leonel de Moura Brizola, também em Austin.
Mãe de seis filhos e avó de 12 netos, Tereza encontrou na família o apoio que precisava para retomar os estudos em 2016, após 48 anos longe das salas de aula. “Comecei a estudar aos 9 anos, mas tive que parar aos 12 para trabalhar em casa de família e ajudar meus pais”, conta a aposentada.
O tempo passou, Tereza casou, construiu uma grande família, mas sentia que algo lhe faltava. Foi há dez anos que descobriu o que era, estudo. “Minha patroa ia me promover na empresa, mas eu não pude aceitar, pois não tinha condições de exercer a função devido à falta de estudo, de conhecimento”, lamentou.
Hoje Tereza é uma dos cerca de 5.200 estudantes matriculados em uma das 22 escolas municipais que promovem a educação de jovens e adultos. Responsável por vender lanches na igreja que frequenta, ela revela que tinha medo de lidar com o dinheiro, mas brinca ao falar que agora ninguém é capaz de enganá-la. “Agora leio jornais, livros, a Bíblia. Aliás, na igreja eu vendo os lanches e conto o troco direitinho, não me enrolam”, conta, aos risos.
Brincadeiras à parte, Tereza trata com seriedade os estudos e diz que a EJA está dando oportunidade para milhares de pessoas como ela e que todas devem aproveitá-la da melhor maneira possível. “É maravilhoso poder ir à escola e aprender com as professoras. Meu sonho é um dia me formar e mostrar à minha família que eu sou capaz de vencer através da educação. E eu vou conseguir”, afirma uma jovem senhora, que já almeja voos mais altos. “Agora que sei ler, lidar com números e também faço curso de confeiteira, quem sabe o próximo sonho é escrever meu livro de receitas?”.
A subsecretária de Educação de Nova Iguaçu Renata Santana revela que Tereza é apenas mais um exemplo de superação entre tantos outros. Segundo ela, há alunos que passam pela EJA e depois ingressaram em universidades. “A EJA resgata vidas, sonhos e pessoas que não acreditavam mais que seriam capazes de realizar coisas na vida. Por isso é importante estimular nossos alunos, pois nunca é tarde para começar a estudar”.