Cerca de 200 crianças e adolescentes da rede municipal de educação tiveram uma tarde diferente nesta quarta-feira (28). Em vez de sala de aula, teatro. Elas assistiram à peça ‘The And’, um monólogo com a atriz Isabel Cavalcante dirigido por Claudio Gabriel. O espetáculo faz parte do Festival ‘FUNARJ Arte e Literatura: Entretenimento e Produção de Conhecimento. O evento da Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro (FUNARJ) é uma parceria com a Prefeitura de Nova Iguaçu e será realizado na cidade até o dia 5 de dezembro.
A dramaturgia é baseada em três novelas da literatura que o irlandês Samuel Beckett (1906-1989) escreveu após a 2ª Guerra Mundial. São elas ‘O expulso’, ‘O calmante’ e ‘O Fim’. A peça contém ainda alguns fragmentos do livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis (1839-1908), e enxertos da própria atriz Isabel Cavalcante.
“A personagem é uma sem-teto que é expulsa dos lugares por onde ela passa e a peça reflete sobre a continuidade da vida em meio ao caos”, explica o diretor Claudio Gabriel, revelando que esta é apenas a segunda vez que o espetáculo é apresentado exclusivamente para o público adolescente.
Ao final do monólogo, os expectadores puderam fazer perguntas à atriz Isabel Cavalcante e também ao diretor Claudio Gabriel. A estudante Lavigna Alves, 13 anos, assistiu à uma peça teatral pela primeira vez e aprovou o espetáculo. Integrante do Ministério de Dança da igreja que frequenta, a estudante do 7º ano do CIEP 187 Benedito Laranjeiras, no bairro Prados Verdes, pediu dicas de como controlar a ansiedade antes de subir ao palco.
“Fico sempre muito nervosa e com o coração acelerado. Então quis saber das experiências da atriz para aprender a lidar melhor com isso”, explica a adolescente.
A atriz Isabel Cavalcante aproveitou a oportunidade para incentivar os estudantes da rede municipal a irem mais vezes ao teatro e buscarem enriquecimento cultural. Já o diretor de ‘The And’ traça um paralelo entre a realidade do pós-guerra e os dias atuais.
“A peça é baseada em textos do pós-guerra, num cenário de muita pobreza e miséria que, infelizmente, se conecta com os tempos de hoje. Sabemos que muitas das crianças que estiveram aqui têm poucas oportunidades e isso faz com que elas possam se conectar ao espetáculo e se conectar com a personagem”, afirma Claudio Gabriel.