Cinco mulheres mães de alunos da Escola Municipal Leila Maria Cortes Sampaio, em Cabuçu, deverão ser encaminhadas ao Centro Especializado de Atendimento à Mulher (CEAM), após participarem do projeto ‘Multiplicadores da Paz’, apresentado na semana passada, durante o programa ‘Sementes da Paz’. A ação tem como objetivo aproximar pais de alunos e as unidades escolares e encorajou algumas mães a relatarem casos de violência doméstica sofrida por elas ao longo de suas vidas. O ‘Sementes da Paz’ é uma parceria entre o Departamento de Ações Pró-Sustentabilidade (Deape), do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio de Janeiro e a Escola de Governo da Prefeitura de Nova Iguaçu.
Nesta quarta-feira (13), elas e outros pais de alunos participaram de atividades lúdicas como oficinas de pintura, montagem de brinquedo, dança, música e trança, este último com foco na valorização da beleza afro-brasileira de mães e filhas. A unidade conta com cerca de 160 estudantes da Educação Infantil – em idade entre três e cinco anos -.
“O envolvimento dos pais dos alunos com a escola foi fundamental para o êxito do projeto. Eles se tornaram de fato, em multiplicadores da paz. Algumas mulheres, por exemplo, se sentiram abraçadas, acolhidas e tiveram coragem para falar um pouco da violência sofrida por elas dentro de seus lares. Lá é a raiz do problema e tivemos que agir de forma eficaz neste ponto”, afirmou a orientadora educacional Jéssica Vidal, que também foi aluna da rede pública de ensino.
O grupo de mulheres que relataram casos de violência deve passar por um atendimento de primeira vez e em caso de necessidade, receber apoio psicológico e jurídico. Falar sobre casos de violência doméstica, principalmente contra a mulher, não é tarefa fácil. Por isso, o assunto foi conduzido por profissionais de psicologia do Centro Especializado de Atendimento a Mulher (CEAM-NI).
Uma psicóloga do CEAM participou de uma palestra de cunho preventivo sobre violência doméstica e questões de gênero, incentivando as mulheres a lutarem contra as agressões sofridas dentro de casa.
Ainda segundo Jéssica, a participação frequente de pais na escola contribui no comprometimento e responsabilidade dos alunos na sala de aula.
“Eles veem os pais presentes e acabam se dedicando mais”. Melhorou até o desempenho escolar. Estamos resgatando os valores da família”, enfatizou.
Mãe da aluna Maria Luisa, Dandara Neves, 29, contribuiu com seu trabalho de trancista, que vai muito além de um trabalho estético: “Não é só trançar e enfeitar o cabelo; é um trabalho de inclusão. Conseguimos tocar em temas como o racismo e a história das tranças na época dos negros escravizados. É importante que os alunos, já novinhos, conheçam a origem negra e sintam orgulho de sua cultura. Isso ajuda a combater o racismo nas escolas”.
Através de pinturas realistas de aviões e helicóptero em telas, o eletricista Mário Lucas Preato, de 31 anos, se aproximou dos alunos com trabalhos artísticos, incentivando os mesmos a seguirem uma profissão.
“Sempre participei das atividades escolares do meu filho. Educação começa em casa. Fiz uma oficina de arte e todos os alunos participaram. Eles se inspiram no quadro e fizeram pinturas em papel e aviões com pregadores de madeira. Essa interação é benéfica para todos, para professores, alunos e pais. Desenvolvemos uma cultura familiar dentro da escola e isso diminui qualquer tipo de violência ou bullying”, garantiu Mário, pai do aluno Luan Gabriel Rocha, que aos cinco anos alimenta o sonho de se tornar piloto de avião.