Foi em uma de suas andanças por São João de Meriti que o catador Orlando Rocha de Oliveira, de 54 anos, encontrou no lixo que estava na rua para ser coletado um antigo uniforme de gari da Mais Verde, a concessionária de limpeza urbana do município. Ao decidir pegar a roupa do lixo para reaproveitá-la, Orlando não imaginava que o destino lhe daria uma nova oportunidade: graças ao uniforme, o catador foi descoberto pela empresa e contratado para trabalhar como gari – “esse sempre foi meu sonho”, diz ele.
Depois de levar o uniforme para casa, Orlando passou a usá-lo durante o seu trabalho autônomo como catador de lixo, que começou a exercer após ter sido demitido. Em agosto deste ano, o gerente da Mais Verde, Paulo Ávila, e o supervisor Alessandro Lima estavam na rua quando viram Orlando com as vestimentas de gari e foram conversar com ele:
– Eles não me reconheceram e queriam saber qual era o meu local de trabalho. Eu expliquei que não trabalhava para a empresa e tinha encontrando o uniforme enquanto coletava sucata, e eles entenderam a história e foram embora. Não demorou muito para voltarem e perguntarem: “Você quer trabalhar de carteira assinada?”. Eu falei que queria, que era o meu sonho – conta Orlando.
Para que pudesse começar no emprego, a equipe da Mais Verde o ajudou a emitir novas vias dos seus documentos, que haviam sido perdidos em uma das enchentes que atingiu a casa de Orlando. Com a documentação em dia, ele é agora um dos funcionários que integram a equipe de varrição da concessionária e diz estar muito feliz:
– Eu sempre tive vontade de trabalhar como gari, mas não tinha aparecido nada para mim. Agora, Deus me abençoou com esse trabalho e eu agradeço muito. Meu plano é trabalhar para comprar uma casa.
Para Paulo Ávila, o gerente da Mais Verde que ajudou Orlando com essa oportunidade, a história é marcante por suas coincidências:
– O Orlando trabalhava informalmente catando lixo e foi no lixo que encontrou um uniforme velho de gari. Se fosse um pouco mais tarde, talvez o caminhão da Mais Verde já tivesse passado para recolher o saco onde a roupa estava. Nós o descobrimos no meio da rua, graças a esse uniforme, e, hoje, ele veste oficialmente a camisa da empresa como nosso funcionário.