“Entrei aqui sem saber ligar uma máquina, mas agora utilizo uma industrial para costurar meus produtos e depois vendê-los para ter uma renda extra”. O relato de Creuza Alves Abreu, de 63 anos, mostra a importância das aulas da Oficina de Costura do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Monte Verde, na Cerâmica, um dos quatro CRAS da Secretaria Municipal de Assistência Social de Nova Iguaçu (SEMAS) que oferecem a capacitação.
No Dia da Costureira, celebrado em 25 de maio, a secretária da SEMAS, Elaine Medeiros, garante que a profissão está cada vez mais valorizada, especialmente em tempo de pandemia da Covid-19. Ano passado, as oficineiras uniram forças para a confecção de mais de 10 mil máscaras de panos que foram distribuídas em todos os equipamentos da Assistência Social e também na estação ferroviária de Nova Iguaçu.
“As costureiras foram muito importantes nesta luta diária para nos mantermos protegidos do novo coronavírus, o que valorizou ainda mais o trabalho delas”, parabeniza a secretária, ressaltando a importância da Oficina de Costura. “Este é o espaço em que as oficinas compartilham conhecimento e dão às alunas a oportunidade de recuperar a autoestima e buscar uma nova fonte de renda”.
Moradora do bairro Três Corações, Creuza Abreu trabalhava como doméstica em uma casa na Tijuca, no Rio de Janeiro, mas ficou desempregada no ano passado, após seus patrões se mudarem para Portugal. Mas o real motivo que fez Creuza se inscrever na oficina foi a perda do marido Moacir, há pouco mais de dois anos.
“Eu fiquei viúva e precisava de uma ocupação para a mente, pois estava à beira da depressão. A oficina se tornou uma terapia, me sinto bem quando venho para cá, de onde saio uma outra pessoa”, afirma Creuza, revelando que se emocionou quando confeccionou sua primeira nécessaire. “Eu cheguei a chorar, pois achava que era incapaz de conseguir fazer isso. Sou pensionista e ainda hoje recebo ajuda financeira da minha ex-patroa, mas quando quero um dinheiro extra, faço meus panos de prato ou caminhos de mesa para vender”, comemora Creuza.
Quem lapidou o talento da viúva foi a oficineira Jacinete Barbosa da Silva Nascimento, de 49 anos. Costureira desde os 14, ela garante que não há limite de idade para aprender a costurar, basta ter determinação e força de vontade. “A Creuza, assim como tantas outras alunas, pensou várias vezes em desistir, mas nós persistimos até ela perceber que era capaz. Me dedico ao máximo para passar adiante tudo o que eu aprendi com a costura, e ver que elas conseguem colocar em prática o que eu ensino é um grande prazer”, garante Jacinete.
Para participar da Oficina de Costura, é preciso estar inscrito no Cadastro Único ou ser beneficiário do Bolsa Família. Além do CRAS Monte Verde, a SEMAS oferece a capacitação é oferecida também nas unidades Águas de Guandu (Jardim Paraíso), Estação Morro Agudo (Comendador Soares) e Maxambomba (Centro). Os endereços estão em http://www.novaiguacu.rj.gov.br/semas/equipamentos/cras/.