O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (GAECO/RJ), realiza, nesta quinta-feira (23/09), a Operação Desmonte, para prender cinco pessoas acusadas de integrar associação criminosa armada para a prática dos crimes de furto qualificado e receptação qualificada de peças de veículos acautelados em um antigo depósito do Detro administrado pela empresa Rodando Legal, situado em Mesquita. Os cinco foram denunciados à Justiça pela prática de associação criminosa, quatro deles ainda por furto qualificado e um ainda por receptação qualificada. A operação conta com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ). Os cinco mandados de prisão e busca e apreensão foram expedidos pela Vara Criminal de Mesquita.
Em março de 2020, diversas irregularidades ocorridas no depósito foram noticiadas pelo telejornal RJTV 1, da TV Globo. Na ocasião, foram exibidas imagens, obtidas através de uma câmera escondida, de funcionários do local , os quais negociavam informalmente a venda de peças dos veículos acautelados, indicando, inclusive, que os próprios “clientes” poderiam retirar o material por conta própria. O terreno da empresa era usado pelo Detro até 2018, quando foi encerrado o contrato para a guarda de veículos apreendidos. Os veículos, porém, permaneceram no local aguardando leilão. Dois dos denunciados na operação realizada na data de hoje aparecem na matéria veiculada.
O procedimento investigatório criminal foi instaurado a partir do compartilhamento de provas obtidas do processo, ajuizado após a deflagração da operação “Direção Perigosa”, que tinha por objetivo apurar a atuação de um grupo de milicianos nas localidades de Santo Elias, Jacutinga e Vila Emil, todas situadas em Mesquita.
A investigação apurou que o grupo criminoso retirava as peças dos veículos, e as repassava clandestinamente para diversos receptadores. As peças eram jogadas para fora do depósito por cima de um muro existente no fundo do terreno ou colocadas em mochilas e bolsas levadas ao local por diversos portadores, de forma que não pudessem ser visualizadas por outros funcionários do estabelecimento. A associação criminosa se utilizava ainda de armas de fogo para realizar a cobrança de "clientes" que adquiriam as peças desviadas.
A retirada de peças era feita notadamente por Bruno de Faria, vulgo Bruno Bomba, funcionário do depósito. De acordo com a denúncia, por vezes ele subtraía as peças e as substituía por outras defeituosas. Anderson Vilarinho de Souza, conhecido como Péia, atuava como intermediário na negociação das peças desviadas. Os funcionários do depósito Helton Reis Cordeiro, conhecido como Pastor, e Josiel Pereira da Silva, conhecido como Juninho, trabalhavam respectivamente como vigia e responsável pela portaria do depósito, e se utilizavam de tais funções para facilitar a saída das peças. O outro denunciado é Gemilson Valente Pires, conhecido como PQD, que atuava como segurança no local e foi inclusive flagrado portando arma de fogo com registro vencido.