No dia 25 de junho, uma joalheria do luxuoso shopping VillageMall, na Barra da Tijuca, foi alvo de assalto que culminou na morte do segurança Jorge Luiz Antunes, de 49 anos. O que aconteceu no shopping não é novidade. O mês de junho teve 20 casos de tiroteios durante tentativas de assalto, com oito mortos e 12 feridos, segundo dados do Relatório mensal lançado hoje (6) pelo Instituto Fogo Cruzado. Ao longo de 2022, 116 roubos ou tentativas de roubo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro terminaram em tiros que fizeram ao menos 40 mortos e 75 feridos.
Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado, alerta para a rotina de violência na região metropolitana. “Vemos diariamente casos de pessoas perdendo a vida em assaltos. Jorge Luiz estava desempregado há um tempo, e foi desempenhar esse trabalho sem saber os reais riscos que corria. Isso tem sido um problema constante. São muitos casos de assaltos que têm terminado em tiro no Grande e isso não pode ser assim. As pessoas não podem continuar perdendo a vida desta forma estúpida”, afirma.
A Tijuca, na Zona Norte da capital, foi o bairro com o maior número de tiros durante assaltos no primeiro semestre do ano, com seis casos no total nestes primeiros seis meses. Um deles foi o caso do farmacêutico Carlos Alexandre Resende, morto a tiros durante um assalto enquanto esperava a esposa chegar de ônibus ao ponto de encontro, em março. Jardim Atlântico Central (Maricá), Bangu, Campo Grande, Engenho de Dentro, Guadalupe e Vigário Geral concentraram três casos cada e encabeçaram o ranking de bairros do Grande Rio com o maior número de tiros durante assaltos.
O mês em dados
Ao longo do mês de junho, houve 336 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, segundo relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado. O número de tiroteios no mês indica uma queda de 15% em comparação com junho de 2021, quando houve 395 registros. Em média, a cada quatro tiroteios ocorridos no mês de junho deste ano, um foi durante ação/operação policial.
Houve queda também nos baleados. Foram 63 mortos e 64 feridos neste mês que passou. Uma queda de 19% nos mortos e de 2% nos feridos em comparação com junho de 2021, que concentrou 78 mortos e 65 feridos.
Comparado ao mês de maio, que concentrou 338 tiroteios, com 110 mortos e 81 feridos, o sexto mês do ano apresentou queda de 1% nos tiroteios, de 43% nos mortos e de 21% nos feridos.
Entre as datas mais impactadas pela violência armada, dia 15, com 21 registros, concentrou o maior número de tiroteios. O dia 13, com nove vítimas, teve o maior número de mortos. E os dias 30 concentrou o maior número de feridos, com sete vítimas cada.
Mapa da violência
Os cinco municípios da Região Metropolitana do Rio mais afetados pela violência armada em junho foram:
Rio de Janeiro: 228 tiroteios, 22 mortos e 35 feridos
Duque de Caxias: 26 tiroteios, 5 mortos e 4 feridos
São Gonçalo: 25 tiroteios, 15 mortos e 14 feridos
Niterói: 13 tiroteios, 2 mortos e 3 feridos
São João de Meriti: 10 tiroteio, 3 mortos e 1 ferido
Entre os bairros do Grande Rio, os mais afetados foram:
Praça Seca (Rio de Janeiro): 14 tiroteios
Madureira (Rio de Janeiro): 10 tiroteios, 1 morto e 3 feridos
Tanque (Rio de Janeiro): 10 tiroteios
Olavo Bilac (Duque de Caxias): 8 tiroteios
Cascadura (Rio de Janeiro): 7 tiroteios
Cordovil (Rio de Janeiro): 7 tiroteios
A distribuição da violência armada entre as seis regiões que fazem parte do Grande Rio ficou assim:
Zona Norte: 137 tiroteios, 13 mortos e 21 feridos
Zona Oeste: 70 tiroteios, 8 mortos e 12 feridos
Baixada Fluminense: 63 tiroteios, 19 mortos e 11 feridos
Leste Metropolitano: 44 tiroteios, 22 mortos e 17 feridos
Centro: 15 tiroteios, 1 morto e 2 feridos
Zona Sul: 7 tiroteios e 1 ferido
A Zona Norte concentrou 41% dos tiroteios no Grande Rio em junho. Por outro lado, apesar de estar em quarto lugar no número de tiroteios, o Leste Metropolitano concentrou o maior número de mortos.
Dos 336 tiroteios ocorridos no Grande Rio em junho, 27 deles foram em áreas de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Ao todo, uma pessoa foi morta e outras quatro ficaram feridas nestas áreas. As unidades mais afetadas pelos tiroteios foram:
Andaraí: 4 tiroteios e 1 ferido
Macacos: 4 tiroteios
Turano: 3 tiroteios, 1 morto e 1 ferido
São João: 3 tiroteios
Complexo do Alemão: 2 tiroteios e 1 ferido
Prazeres: 2 tiroteios e 1 ferido
Manguinhos: 2 tiroteios
Borel: 2 tiroteios
As vítimas da violência armada
Houve quatro chacinas no Grande Rio em junho que resultaram em nove mortos no total. Três dos casos ocorreram durante ação/operação policial. Em junho de 2021, foram quatro chacinas resultando na morte de 13 civis. Três desses casos foram durante ações/operações policiais.
11 agentes de segurança foram baleados no Grande Rio em junho: cinco morreram (um em serviço, três fora de serviço e um era aposentado/exonerado) e seis ficaram feridos (dois em serviço, três fora de serviço e um era aposentado/exonerado). Em junho de 2021 foram 17 agentes vítimas: sete morreram (três em serviço, dois fora de serviço e dois eram aposentados/exonerados) e 10 ficaram feridos (seis em serviço, três fora de serviço e um era aposentado/exonerado).
Sete pessoas foram vítimas de balas perdidas na Região Metropolitana do Rio em junho, cinco delas foram atingidas durante ações/operações policiais. Entre as cinco baleadas, duas morreram e cinco ficaram feridas. Em junho de 2021 foram nove vítimas de balas perdidas, seis delas em ações ou operações policiais. Entre as nove vítimas, duas morreram e sete ficaram feridas.
Em junho, uma criança, três adolescentes e cinco idosos foram baleados no Grande Rio, dos quais um adolescente e três idosos morreram. Em junho de 2021, quatro adolescentes e três idosos foram baleados: destes, dois adolescentes e um idoso morreram.
SOBRE O FOGO CRUZADO
O Fogo Cruzado é um Instituto que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida.
Com uma metodologia própria e inovadora, o laboratório de dados da instituição produz mais de 20 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife e de Salvador.
Através de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, checadas em tempo real, que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela API do Instituto