A Transportes Flores vai reforçar a campanha contra assédio sexual em todos os seus ônibus, de acordo com o complemento à Lei 7.856/18 do Estado do Rio de Janeiro, sancionado em abril deste ano pelo governador Cláudio Castro. Além de cartazes afixados na frota, com o slogan "Meu corpo não é público", que atende ao escopo da nova lei, a Flores também abordará o tema em suas redes sociais, canais internos e site (www.transportesflores.com.br), compartilhando informações e orientações sobre abuso sexual e violência contra as mulheres.
"Queremos alertar nossos clientes e colaboradores que o assédio sexual é crime e precisa ser denunciado. Todos, principalmente as mulheres, devem ter o seu corpo respeitado. Só com a conscientização é que poderemos evitar que esses casos aconteçam", diz Cristina Gullo, responsável pela comunicação da empresa.
Em março deste ano, o passageiro de um ônibus da linha 715l Cascadura X Santa Marta, operada pela Transportes Flores, foi levado à delegacia por suspeita de ter cometido um ato obsceno. Uma passageira relatou que o homem havia esfregado o pênis entre as coxas dela. O motorista, capacitado pela empresa para atuar em situações como essa, parou o veículo e acionou a polícia para que o caso fosse registrado.
Antes mesmo de virar lei estadual, a Transportes Flores lançou, em outubro de 2017, a campanha “O ônibus é público, meu corpo não!”, para conscientizar clientes, motoristas e cobradores sobre como agir em casos de assédio sexual no transporte público. Durante a ação, a primeira deste tipo criada por uma empresa de ônibus do Estado do Rio de Janeiro, colaboradores da empresa realizaram atividades de conscientização em ruas da Baixada Fluminense e em pontos de ônibus do Grande Rio. Eles também foram treinados para agir em casos de assédio, principalmente para orientar as vítimas e facilitar o registro da ocorrência na delegacia policial.
De acordo com o Dossiê Mulher, divulgado em 2021 pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), 992 mulheres foram vítimas de importunação sexual no estado do Rio de Janeiro em 2020, o que representa mais de duas por dia. Este número pode ser ainda maior, segundo o próprio ISP, já que diversas situações, apesar de causarem profundo constrangimento e desconforto às vítimas, ainda são pouco percebidas como um tipo de violência e, consequentemente, de crime.
Segundo levantamento realizado em 2021 pelos Instituto Patrícia Galvão e pelo Instituto Locomotiva, 35% das mulheres brasileiras já sofreram importunação/assédio sexual em seus trajetos e 78% sentem medo de serem assediadas no transporte público.