O Brasil sempre esteve no ranking de países que mais realiza procedimentos estéticos no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Segundo relatório da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), foram realizadas, em 2020, 1.306.902 cirurgias plásticas estéticas. E, neste contexto, os brasileiros também passaram a valorizar os procedimentos que não necessitam de cirurgias.
De acordo com o relatório da ISAPS, entre os anos de 2016 e 2020 o uso de procedimentos não cirúrgicos injetáveis registrou um aumento de 24,1% no país. Mas, após esse aumento expressivo, o mercado percebeu um movimento na contramão: pessoas buscando clínicas e consultórios para desfazer os procedimentos realizados, visando aspectos mais naturais de beleza. Esse foi o caso da humorista e influenciadora Gessica Kayane, a GKay, que contou recentemente em suas redes sociais que removeu seu preenchimento labial.
Mas, como é feito e quais os cuidados a serem tomados para a realização do preenchimento labial? E como a sua retirada é possível? O dentista e especialista em harmonização orofacial da Signature Clínica Boutique, Dr. Anderson Marques, explica e dá dicas.
“A técnica do preenchimento labial utiliza a aplicação do ácido hialurônico e, para quem deseja um aspecto natural, o ideal é que seja usada uma densidade específica para essa região do rosto, assegurando que o lábio fique bonito quando estiver estático ou em movimento. Por isso, é fundamental utilizar tecnologias específicas para os lábios”, conta o Dr. Anderson Marques.
Além da tecnologia, é preciso que o profissional tenha senso estético e controle as expectativas dos pacientes para que não seja feita uma aplicação exagerada: “normalmente, uma ampola garante um leve contorno e hidratação ao lábio. A partir da segunda, já conseguimos ver um pouco de volume. Por questões de segurança, o recomendado é aplicar a primeira ampola e, apenas 20 dias depois, realizar a aplicação da segunda, respeitando o processo de cicatrização”, esclarece o especialista em harmonização orofacial.
A retirada do preenchimento labial
Como o ácido hialurônico é um produto seguro, a remoção do preenchimento labial é possível com a aplicação de uma enzima chamada hialuronidase, que reverte o procedimento e remove o produto.
Retirar o preenchimento labial pode estar relacionado a um desejo de mudança de percepção de imagem. O visagismo, conjunto de técnicas usado para valorizar a beleza do rosto, mostra que, dependendo do formato e das proporções da face, é possível imprimir uma imagem à personalidade de cada pessoa: rostos mais marcados e angulados demonstram poder e autoridade, por exemplo; já lábios mais volumosos referem-se à sensualidade e ao poder.
“A partir do momento que você reverte isso, você passa a construir uma outra imagem. Ao sair de um lábio grosso para um lábio fino, você passa a transparecer uma imagem mais delicada e meiga. Talvez esse seja o caso da Gkay, que, possivelmente, está querendo comunicar uma nova imagem ao público e à mídia”, explica o Dr. Anderson.
A retirada do preenchimento labial pode ser feita tanto quando a pessoa não ficou feliz com o resultado quanto em situações em que aconteceu alguma intercorrência, como edema (inchaço), equimoses (roxos), nódulos (acúmulo de material ou processo inflamatório) ou assimetria. Se a enzima não é aplicada de imediato para reverter o procedimento, esses casos podem até evoluir para uma necrose de lábio.
Preenchimento labial X idade
Quando feitos de forma correta e por um bom profissional, os procedimentos de harmonização, como o preenchimento labial, não causam estranhamento.
No processo de envelhecimento, as pessoas perdem cerca de 1% do volume labial ao ano, já que o lábio é formado por musculatura e gordura, que atrofiam com o passar do tempo. “Quem quer chegar aos 50 anos sem os efeitos dessa diminuição labial, o ideal é aplicar uma ampola de ácido hialurônico por ano para que esse volume não seja perdido com o passar da idade. Já quem quer, de fato, aumentar o volume, o indicado é usar mais de uma ampola”, recomenda o dentista.
É importante lembrar também que todo e qualquer procedimento estético tem riscos e deve ser feito por um profissional habilitado para isso.
Apenas um atendimento personalizado poderá garantir que as pessoas sejam tratadas de forma individual e possam conseguir um traço mais harmônico. “Quando fazemos um procedimento de harmonização em qualquer parte do rosto ou no próprio lábio, é necessário que haja um acompanhamento bem próximo nas primeiras 24h. Isso porque, caso haja o início de alguma intercorrência, o profissional consegue revertê-la a tempo, sem que o paciente tenha uma complicação mais séria”, finaliza o Dr. Anderson.