“O ar condicionado com certeza gasta mais que o ventilador!”. Quando o assunto são as contas de energia, esta é uma das frases mais frequentes que escutamos. Desde sempre, o ar condicionado foi considerado um vilão de gastos, seja para contas residenciais ou empresariais. Porém, é possível afirmar que esta informação é uma verdade absoluta?
Para a surpresa de muitos, a resposta é não! Mas, é preciso contextualizar a temática antes de entender como isto acontece. Sendo assim, Lucas Paiva, co-fundador da Lead Energy, startup de diagnóstico e soluções energéticas, conta como realmente funciona o cálculo de gastos com consumo, considerando o uso de ar condicionado ou ventiladores: “O ventilador é uma carga de consumo fixo. Durante o tempo que estiver ligado, ele consome a potência correspondente da velocidade selecionada. O ar condicionado, por sua vez, é uma carga de consumo variável. Ele aumenta ou diminui a sua potência de acordo com a necessidade de refrigeração do ambiente”.
Considerando o ponto citado, Lucas explica portanto, que o consumo de energia depende das características do ambiente onde os aparelhos serão instalados: “Sim, o ar condicionado pode ser mais econômico, contanto que o ambiente em que o aparelho funciona esteja fechado na maioria do tempo e com circulação de pessoas reduzida, fazendo com que não seja necessário compensar a perda de ar frio que poderia escapar do ambiente. Consequentemente, o eletrodoméstico não estará funcionando com capacidade e potência máxima, o que acaba reduzindo o consumo”.
Visando convencer o consumidor de que os gastos de energia variam de acordo com o propósito do uso, o especialista também realiza uma comparação específica entre os dois métodos: “Por analogia, pense o seguinte, se uma tonelada de batatas precisa ser transportada, você optaria por uma viagem de caminhão ou cem viagens de motocicleta? Da mesma forma, caso a quantidade de batatas seja reduzida para apenas um quilo, qual dos dois métodos seria mais eficaz? É assim que funciona a escolha entre aparelhos. Ela depende do objetivo que cada um está buscando”.
De qualquer forma, para buscar um objetivo, é preciso entender qual a melhor maneira de defini-lo. Por isso, Lucas explica como enfrentar a dúvida de optar por um ar condicionado ou um ventilador: “É preciso se perguntar quanto conforto precisa. Se quer um pequeno alívio ou, um ambiente estável e confortável para passar várias horas do dia”. Caso escolha a segunda opção, o profissional afirma que o ar condicionado é a melhor alternativa, mas oferece dicas de como reduzir o consumo e garantir que as contas de energia continuem estáveis: “Para um conforto maior, o ar condicionado é a melhor escolha. Mas, para impedir o aumento dos gastos é preciso adequar a capacidade do aparelho ao tamanho do cômodo, manter o ambiente fechado e priorizar modelos que tenham tecnologias como inverter e controle automático de temperatura. Recomendo também que o consumidor siga as orientações das organizações de saúde e mantenha a temperatura próxima a 23° C”.
Por fim, o especialista do setor de energia conta alguns segredos infalíveis para manter o ambiente fresco e economizar energia, mas, vale ressaltar que esses métodos devem ser implantados ainda no processo de construção. “Um ponto primordial para o conforto térmico de uma casa é se atentar à arquitetura do local. A ventilação cruzada através da instalação de janelas em faces opostas do imóvel, por exemplo, garantem a passagem de ar. Além disso, o pé direito alto também faz com que o clima fique mais fresco e arejado. Caso não seja possível implementar nenhuma destas características na residência, recomendo a verificação dos cômodos que receberão mais sol em cada horário do dia, para evitar seu uso nesses períodos e o aumento de gastos com os aparelhos de refrigeração”, finaliza.