Programado para ser lançado em 2024, o Drex, nova moeda digital brasileira anunciada recentemente pelo Banco Central, já traz consigo uma série de dúvidas e incertezas.
Embora muitos membros do BC digam o contrário, ela é sim uma criptomoeda stablecoin, pareada ao real e que se valerá de um sistema de monitoramento e chancela de transações similar ao blockchain do Bitcoin (BTC).
E se ela é uma cripto, pode ser comparada com o Bitcoin? Não! O Drex não chega nem perto do conceito do BTC, seja em relação ao seu valor agregado, seja por sua segurança.
O objetivo do Drex é arrecadar e controlar o poder econômico da população. Essa "pegadinha" travestida de moeda digital nada mais é do que mais do mesmo. Explico.
Hoje, por exemplo, se você tem 100 reais em papel moeda na sua carteira, esse dinheiro é seu. Da mesma forma, se você tem 100 BTC em uma cold wallet (carteira digital), esse dinheiro também é seu. Em ambos os casos você pode transacionar essas moedas com terceiros sem qualquer ingerência governamental.
Por outro lado, se o seu dinheiro estiver em Drex, ele, na realidade, nunca estará com você, exatamente como o dinheiro que está no banco ou em aplicações. É apenas uma "expectativa genérica de propriedade", pois o Drex poderá ser tomado, bloqueado ou furtado a qualquer momento. Sempre haverá o "fantasma do plano Collor" ou o receio de uma nova Zélia Cardoso de Melo.
Por isso, na minha opinião, o Drex jamais poderá ser classificado como seguro ou incorruptível, uma vez que a qualquer momento poderá ser tomado de você, o que vai na contramão das ideias inovadoras de Satoshi Nakamoto: liberdade financeira às pessoas.
Por isso afirmo categoricamente que uma moeda digital que tenta fugir dos preceitos básicos do sistema cripto é no mínimo dúbia, pois, diferentemente do BTC, o Drex jamais estará nas mãos de seu proprietário e, por não ser finito, como é o Bitcoin, sempre estará sujeito a desvalorização frente a outras moedas.
Então, antes mesmo do lançamento do Drex, já podemos dizer que ele é "mais do mesmo", apenas uma outra ferramenta do sistema bancário para arrecadar e controlar, mediante taxas e outros emolumentos, conforme já admitido pelo próprio coordenador da moeda no Banco Central, Fábio Araújo.
Mas então, disso tudo, o que há de bom? O fato de que as criptomoedas são uma realidade e ninguém mais pode ignorar isso. Ou seja, ou você estuda, entende e se adapta, ou vai continuar entregando uma grande parte do seu dinheiro para as mesmas instituições de sempre.