Símbolos de sensualidade de uma época, Madonna e Xuxa recebem enxurradas de comentários nas redes sociais sobre a aparência envelhecida. Elas são julgadas pelas rugas, roupas, comportamentos e relacionamentos amorosos. Essa discriminação, que não afeta apenas as celebridades, mas é consequência da longevidade, tem nome: idadismo.
Especialista em diversidade etária, a psicóloga e professora Fran Winandy reuniu amplo material de pesquisa sobre o tema no livro Etarismo – Um novo nome para um velho preconceito, publicado pela Matrix Editora. O medo de envelhecer, a origem do etarismo, como ele atinge as mulheres ao longo da vida, e o impacto do idadismo no mercado de trabalho, no cinema, nas redes sociais, na moda e nos esportes são algumas das questões abordadas.
A autora convida o leitor a revisitar medos e preconceitos a fim de combatê-los, e compila emocionantes depoimentos de vítimas do julgamento pela idade. Ao longo da trajetória na área de recursos humanos, a ativista acompanhou manifestações diversas de empresas contra pessoas mais velhas e perdeu a conta das vezes em que questionou essa postura.
Fran explica que, motivadas por pressões externas e dilemas internos, as pessoas não aceitam envelhecer. Pior: não desejam parecer velhas porque têm mais dificuldade para encontrar trabalho. Tornam-se invisíveis em sociedade, indesejáveis, e por isso a aparência é fundamental nessa batalha.
Como na publicidade, no cinema também existe a dificuldade de retratar o idoso de forma realista e tratar a velhice como uma fase normal da vida. Uma das causas para isso seria (também) a falta de representatividade nas produções de conteúdo (...). Porém, o aumento da expectativa de vida tem trazido novas demandas para esse mercado e algumas pequenas mudanças começam a aparecer.
(Etarismo – Um novo nome para um velho preconceito, pág. 115)
A obra trata, também, sobre age shaming, nome dado à vergonha de envelhecer. Esse fenômeno afeta a saúde física e mental das pessoas, especialmente das mulheres. Na outra ponta, segundo a especialista, movimenta a economia, seja pelo consumo de cosméticos, ou pelo salto na busca por procedimentos estéticos que escondam os sinais do tempo.
Conforme a autora, se “os 60 são os novos 40”, chegou o momento de mobilizar a sociedade para mudar as referências sobre idade, amadurecimento e velhice. Etarismo – Um novo nome para um velho preconceito é um ótimo ponto de partida, com informações e inspiração para deflagar ações no sentido de mudar a cultura construída a partir de “imagens de comerciais de televisão” que não representam a realidade.