A fissura labial, conhecida popularmente como lábio leporino, é uma malformação congênita em que a parte superior do lábio e o céu da boca não se desenvolvem por completo, formando uma fenda que pode se prolongar até o nariz. Essa condição geralmente surge nos três primeiros meses de gestação. O cirurgião-dentista tem papel importante no tratamento da condição junto às equipes multidisciplinares de saúde.
A Dra. Neide Pena Coto, presidente da Câmara Técnica de Prótese Bucomaxilofacial, explicou que a causa de lábio leporino pode ser por fatores genéticos ou mesológicos (questões ambientais).
Segundo a Dra. Neide, logo no nascimento, o primeiro cuidado que deve ser tomado quando a criança apresenta a condição se dá em relação ao aleitamento, que pode ser prejudicado - visto que, dependendo da extensão da fenda e a comunicação buco nasal que ela apresenta, pode ser necessário o uso de uma mamadeira adaptada.
Outro ponto que a cirurgiã-dentista explica é sobre a indicação de uma placa palatina que pode ser feita imediatamente após o nascimento. A placa é produzida a partir de uma resina acrílica translúcida após a moldagem do arco superior do bebê. “Esta placa palatina deve passar em ponte sobre a lesão, isto é, sem penetrar na fenda. Ela auxilia o aleitamento sem comprometer o crescimento da maxila. Esta placa é indicada para fissuras de lábio e palato e fissuras isoladas de palato”, esclarece a Dra. Neide.
Existem diferentes perfis de bebês com lábio leporino. Alguns podem ter a fissura atingida somente no lábio e outros podem chegar ao céu da boca, o que pode levar a criança a ter problemas na fala. Por isso, é necessária uma equipe multidisciplinar de saúde para o tratamento do lábio leporino, elucida a Dra. Neide Pena. Dentre os componentes dessas equipes, estão profissionais da área médica (como pediatra, cirurgião plástico e otorrinolaringologista, além de fonoaudiólogo, psicólogo e nutricionista) e da área odontológica (como odontopediatria, ortodontia, prótese bucomaxilofacial e cirurgia bucomaxilofacial).
A cirurgiã-dentista pontua que o tratamento cirúrgico permite protocolos diversos, mas que é mais comum que os primeiros procedimentos sejam de queiloplastia (fechamento do lábio) e palatoplastia (fechamento do palato), realizados, idealmente, ainda no primeiro ano de vida. Já as cirurgias secundárias ocorrem em tempo oportuno, como as de faringoplastia, enxerto ósseo e rinoplastia.
É importante reforçar, conforme explica a Dra. Neide, que o acompanhamento odontológico de crianças com lábio leporino seja feito por profissionais habilitados para realização de todo o tratamento com êxito.