O Bruxismo vem afetando boa parte da população. Um dado da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que 30% da população mundial é afetada pelo bruxismo.
O bruxismo faz a pessoa ranger, apertar os dentes ou contrair os músculos da face, de forma inconsciente e, se não tratado, pode levar a problemas orofaciais.
Você sabia que existe mais de um tipo de bruxismo?
Existem dois tipos de bruxismo, o do sono e o de vigília, sendo o último mais prejudicial - já que ocorre numa maior frequência e por mais tempo.
De acordo com o Consenso Internacional de Bruxismo (2018) esse tipo é abrangente, e inclui a atividade dos músculos mastigatórios em contração prolongada da mandíbula, mesmo sem contatos dentais.
A presidente da Câmara Técnica de Disfunção Temporomandibular do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Prof. Dra. Maria de Lourdes Rodrigues, e o Dr. Alain Haggiag, membro da mesma Câmara, explicaram que o bruxismo em vigília está relacionado a fatores de estresse, regulação do sono e do sistema nervoso autônomo. Seu diagnóstico é feito por meio de relatos do paciente e exames, como o de eletromiografia, que auxilia na confirmação da atividade repetitiva dos músculos mastigatórios.
O Dr. Alain Haggiag afirma que de 20 a 80% dos pacientes relatam tensionar músculos e apertar os dentes durante o dia. “Os dados são muito discrepantes, já que o autorrelato é o único meio de saber se o paciente apresenta bruxismo de vigília. Porém, como é um comportamento inconsciente, um hábito, os pacientes, na grande maioria, não sabem se fazem bruxismo de vigília”, explica o especialista.
Esse tipo de bruxismo pode ocorrer tanto em crianças, como em adultos. Entre as consequências clínicas estão a fratura dental e de restaurações, alteração da mucosa no lábio ou na língua, hipersensibilidade dos dentes, falhas de próteses e até de implantes. Alterações na ATM, que caracterizam a Disfunção Temporomandibular, causam queixas de dor irradiada na face, cabeça ou cervical, fadiga de músculos mastigatórios e outras possíveis dores orofaciais.
Algumas vezes, o bruxismo de vigília pode estar associado a algumas patologias, como doença de Huntington, síndrome de Tourette e doença de Parkinson, entre outras.
O bruxismo de vigília pode ter como gatilhos a ansiedade, estresse, uso de drogas, medicamentos, consumo excessivo de cafeína ou álcool. Porém, mais recentemente, estudos mostraram que o bruxismo de vigília pode estar associado a um padrão neuromuscular, um hábito automático do paciente.
Tratamento
O tratamento é feito por meio de procedimentos não invasivos, com abordagens cognitivo-comportamentais, para controle e mudança de hábitos e uso de Dispositivos interoclusais.
Com o advento das impressoras 3D, podemos confeccionar essas placas de bruxismo do sono e de vigília de forma digital.
Técnicas de relaxamento por meio de fisioterapia, psicoterapia e fonoaudiologia fazem parte do tratamento. Aplicativos de celular são, também, meios de treinamento para reeducação muito eficientes.
A eletromiografia seria o exame padrão ouro para diagnosticar o bruxismo de vigília e iniciar o treinamento cerebral para a quebra do padrão neuromuscular através do biofeedback (o paciente vê na tela do exame que está contraindo a musculatura mastigatória e aprende a relaxar).
Apenas em alguns casos muito específicos podem ser indicadas medicação e aplicação de toxina botulínica.
A ausência de tratamento pode gerar impactos na qualidade de vida, como dores crônicas e cronificação da cefaleia, além dos efeitos deletérios na cavidade oral citados. O cirurgião-dentista especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, pode identificar e tratar as necessidades específicas de cada paciente.