Com o calor intenso que atinge o Rio de Janeiro — a próxima semana deve ser marcada por novos picos de temperatura —, os riscos de complicações nos casos de gastroenterites, muito comuns no verão, crescem. De acordo com o médico Brian França dos Santos, professor da Faculdade de Medicina da Unig e gastroenterologista, a estação mais quente do ano é crítica porque intensifica os fatores que contribuem para a disseminação da doença, como a proliferação de bactérias na água e nos alimentos. Idosos e crianças fazem parte do grupo de risco e merecem atenção especial porque estão mais propensos a quadros mais graves de desidratação.
"Em um cenário de calor extremo, como o que vivemos atualmente no Rio de Janeiro, alimentos perecíveis são mais suscetíveis à deterioração, o que favorece a multiplicação de microrganismos nocivos", alerta o especialista. Em Santos (SP), houve um surto de casos no rastro de um período de calor intenso e ingestão de alimentos mal conservados.
Agora, a preocupação se intensifica diante das altas temperaturas dos próximos dias, que podem alcançar até 34°C na cidade do Rio de Janeiro e até 37°C na Baixada Fluminense. A recomendação é redobrar os cuidados, sobretudo no que diz respeito à manipulação de alimentos. A gastroenterite é infecciosa e pode ser causada por vírus, bactéria ou parasita. Ela causa sintomas como diarreia, vômitos, febre e dor abdominal.
O calor também favorece a desidratação, que, quando não tratada, pode levar a complicações graves. "A desidratação é o maior risco associado à gastroenterite e pode afetar rapidamente a saúde de quem já apresenta quadros de diarreia e vômito. Em casos graves, podem ocorrer sintomas como dores abdominais intensas e diarreia com sangue, que exigem atendimento médico de urgência", explica Brian.
Dicas de prevenção quando os termômetros batem recordes de calor
Higiene das mãos: Lave bem as mãos, especialmente após usar o banheiro, antes de manusear alimentos e após entrar em contato com animais. O uso de álcool gel também é recomendado
Cuidados com a água: Consuma apenas água filtrada ou fervida. Evite bebidas que possam ter sido expostas ao calor por muito tempo.
Conservação adequada de alimentos: Mantenha alimentos perecíveis sempre refrigerados e consuma-os rapidamente. No calor, alimentos que não são mantidos a temperaturas adequadas podem ser rapidamente contaminados.
Evite alimentos de procedência duvidosa: Não compre alimentos de origem desconhecida ou que pareçam mal conservados. Atenção em especial para produtos vendidos na praia ou por ambulantes que não adotem um sistema de resfriamento para a conservação de seu estoque.
Evite o compartilhamento de itens pessoais: Não compartilhe toalhas, talheres, copos ou outros itens com pessoas que apresentem sintomas de gastroenterite, como diarreia e vômito.
Mantenha a alimentação equilibrada: Prefira alimentos frescos e evite consumir comida crua ou mal cozida, especialmente em temperaturas elevadas.
Hidratação constante: Durante episódios de gastroenterite, é importante aumentar a ingestão de líquidos, como água, soro caseiro ou isotônicos. Caso a desidratação avance, procure atendimento médico imediatamente.
Evite automedicação: O tratamento para gastroenterite deve ser orientado por um médico. Somente ele pode indicar o tratamento adequado, como reidratação oral ou, em casos mais graves, hospitalização.
Além disso, o especialista alerta para a importância de se evitar a automedicação. "Em casos de sintomas de gastroenterite, o aumento da ingestão de líquidos é fundamental, mas a orientação médica deve ser buscada imediatamente se houver sinais de desidratação, como boca seca, sede intensa e prostração", recomenda.