Sedentarismo e maus hábitos alimentares estão entre os principais fatores agravantes do quadro, que vem acometendo pessoas cada vez mais jovens
A hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, incluindo infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
No Brasil, estima-se que cerca de 38,1 milhões de pessoas vivam com a doença, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). Apesar de ser historicamente mais comum entre idosos, estudos recentes apontam um aumento de casos entre jovens e adultos de meia-idade, muitas vezes relacionado ao sedentarismo e a hábitos alimentares inadequados.
O Dr. Bruno Caldas, médico coordenador da CER Ilha, unidade de emergência do Hospital Municipal Evandro Freire, destaca a gravidade da condição.
"A hipertensão é chamada de ‘assassina silenciosa’ porque, na maioria das vezes, não apresenta sintomas evidentes até que ocorra uma complicação grave, como um AVC ou um infarto", alerta o especialista.
Os riscos da automedicação em pacientes com Hipertensão Arterial
A automedicação é um comportamento comum entre pacientes com doenças crônicas, incluindo aqueles com hipertensão arterial. No entanto, essa prática pode acarretar sérios problemas à saúde, agravando o quadro clínico, reduzindo a eficácia do tratamento e aumentando o risco de eventos adversos.
"Um dos principais perigos da automedicação em hipertensos está na interação medicamentosa. Muitos fármacos de venda livre, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), descongestionantes e alguns analgésicos, podem elevar a pressão arterial ou reduzir a eficácia dos anti-hipertensivos” explica o médico.
Os AINEs, por exemplo, podem causar retenção de sódio e água, além de reduzir a síntese de prostaglandinas vasodilatadoras, levando a um aumento da pressão arterial e ao risco de insuficiência renal em pacientes predispostos.
Outro risco relevante, segundo o especialista, é a interrupção ou modificação do tratamento sem orientação médica.
"Alguns pacientes podem reduzir ou suspender a medicação anti-hipertensiva por conta própria ao perceberem melhora nos sintomas, ignorando que a hipertensão é uma condição frequentemente assintomática. Essa prática pode levar a crises hipertensivas e aumentar o risco de complicações cardiovasculares, como acidente vascular cerebral (AVC) e infarto do miocárdio", alerta.
Além disso, o uso indiscriminado de fitoterápicos e suplementos pode interferir no controle da pressão arterial.
"Substâncias como o alcaçuz, o ginseng e alguns chás possuem efeitos hipertensivos ou interações medicamentosas que podem comprometer a eficácia dos anti-hipertensivos", acrescenta o Dr. Bruno.
Diante desses riscos, o especialista reforça a importância de um acompanhamento médico adequado.
"É fundamental que pacientes com hipertensão arterial evitem a automedicação e sigam rigorosamente as prescrições médicas. A educação em saúde e o acompanhamento regular por um profissional são essenciais para garantir o controle adequado da pressão arterial e a prevenção de complicações graves", orienta.
Principais sintomas e quando procurar um médico
Embora a hipertensão muitas vezes seja assintomática, alguns sinais podem indicar que a pressão está elevada, como dores de cabeça frequentes, tontura, visão embaçada, palpitações e falta de ar.
"Caso a pessoa perceba esses sintomas de forma recorrente, é essencial procurar um médico para avaliar a pressão arterial", orienta o Dr. Bruno.
A recomendação é que adultos realizem aferições regulares da pressão, especialmente aqueles com histórico familiar da doença, diabetes, obesidade ou outros fatores de risco.
Como prevenir a hipertensão
A prevenção da hipertensão passa por mudanças no estilo de vida. O Dr. Bruno Caldas ressalta que hábitos saudáveis podem reduzir significativamente o risco de desenvolver a doença:Alimentação equilibrada: reduzir o consumo de sal, alimentos ultraprocessados e gordurosos, e aumentar a ingestão de frutas, verduras e alimentos ricos em potássio.
Prática regular de atividade física: ao menos 150 minutos de exercícios moderados por semana.
Controle do peso corporal: a obesidade é um dos principais fatores associados à hipertensão.
Evitar o consumo excessivo de álcool e o tabagismo: o álcool em excesso e o cigarro aumentam a pressão arterial.
Gerenciamento do estresse: técnicas como meditação, ioga e terapia podem ajudar no controle emocional.
No Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, celebrado em 26 de abril, o alerta é claro: a prevenção e o acompanhamento são fundamentais para evitar complicações graves e preservar a qualidade de vida. "Com os cuidados adequados, é possível levar uma vida longa e saudável mesmo com a doença", finaliza o especialista.