Se o seu filho sofresse uma lesão física, você o levaria ao médico para ser examinado. Mas e se você notasse mudanças comportamentais no dia a dia dele? Algumas situações, como alterações nos padrões de sono (incluindo aumento ou diminuição), aumento da irritabilidade, isolamento em casa e afastamento de atividades habituais são sinais de que é hora de buscar a ajuda de um psicólogo especializado.
A terapia para crianças tem particularidades e envolve a utilização de recursos lúdicos, como brincadeiras, livros infantis e uso de personagens fantasiosos, como fadas, princesas, para simular situações. “As estratégias são baseadas no universo da criança, nos seus hábitos, gostos e rotina”, diz Filipe Colombini, psicólogo parental e CEO da Equipe AT. “É importante que o terapeuta faça perguntas para entender o que a criança sente, mas como ela está em constante aprendizado, ainda não tem autoconhecimento para dizer o que pensa e expressar seus sentimentos com plenitude, por isso é tarefa do terapeuta ensinar as melhores formas de se fazer isso por meio das atividades lúdicas e concretas”, conclui.
Acima de tudo, os psicólogos infantis aplicam seu conhecimento para ajudar as crianças a crescerem e se desenvolverem de maneira saudável e apropriada, atingindo todo seu potencial. “O acompanhamento com este profissional não ajuda apenas nos problemas imediatos. Ele fornece à criança informações e habilidades que permanecerão relevantes e benéficas por toda a vida”, explica Colombini.
Existe um tipo de terapia mais indicada para crianças?
Depende da avaliação e necessidade do caso. Filipe explica que o psicólogo que atua como AT (Acompanhante Terapêutico) pode ser indicado para atender crianças, já que nesta modalidade a terapia acontece fora do consultório, sendo ideal para crianças, que ainda não são maduras o suficiente para que a terapia aconteça de forma verbal (como no caso dos adultos).
“O AT tem a oportunidade de vivenciar a rotina da criança, suas práticas de higiene e estudos, alimentação e atividades, além de poder observar e interagir com seus pais e rede de suporte, o que não acontece, na maioria das vezes, no consultório”, diz Filipe. “E dessa forma consegue criar estratégias assertivas para a resolução das questões conflituosas, já que a rotina é vista e acompanhada de perto”, completa.
Além disso, outro aspecto importante que precisa ser levado em conta é a necessidade da participação ativa dos pais no processo. “A parceria dos responsáveis é fundamental para o progresso da criança, até porque é o adulto que identifica a necessidade da terapia e é preciso que este tenha coparticipação a todo momento e, inclusive, receba treinamento parental”, diz Colombini.
O psicólogo destaca, ainda, que os problemas que surgem em crianças entre dois e seis anos de idade principalmente, têm relação com o ambiente e não adianta os pais encararem os filhos como culpados. “As questões emocionais nessa fase são relacionais, sistêmicas e contextuais e a participação da família, portanto, é extremamente importante, já que são os familiares que ensinam a criança a se regular, ter controle sobre seus impulsos e seguir regras e combinados”, explica.
Em tempo: na modalidade de Acompanhamento Terapêutico, a capacitação parental acontece de forma natural e didática, com intervenções em situações do cotidiano da família, o que facilita o aprendizado dos pais. "É uma terapia que depende muito menos do que se fala e muito mais do que se faz no dia a dia", destaca Colombini.